Trump indica ex-chefe de imigração como ‘czar da fronteira’ para liderar deportação

Tom Homan, ex-chefe interino da agência de Imigração e Alfândega, terá um cargo ligado à Casa Branca: ‘não me importo com o que as pessoas pensam sobre mim. Especialmente na esquerda’

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Bloomberg — O presidente eleito Donald Trump disse que nomeará Tom Homan, ex-chefe interino da agência federal de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês), como seu “Czar da fronteira”, que supervisionará a imigração e a segurança marítima e aérea.

“Conheço Tom há muito tempo, e não há ninguém melhor para policiar e controlar nossas fronteiras”, disse Trump em um post no domingo (10). “Da mesma forma, Tom Homan será responsável por toda a deportação de estrangeiros ilegais de volta ao seu país de origem.”

Homan foi o rosto público das políticas de imigração de “tolerância zero” de Trump durante seu primeiro mandato, que rompeu com a prática de manter as famílias juntas durante os processos de detenção e deportação.

Como resultado, milhares de crianças imigrantes sem documentos foram separadas dos membros da família, o que provocou uma reação de crítica generalizada.

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Em sua primeira entrevista desde que foi anunciado, Homan defendeu as políticas de Trump como sendo de bom senso e apenas uma forma de aplicar as leis de imigração.

“Não me importo com o que as pessoas pensam sobre mim. Especialmente na esquerda”, disse ele na manhã de segunda-feira (11). “A segurança das fronteiras é segurança nacional. Todos nós deveríamos estar do mesmo lado.”

Homan também fez um alerta para as autoridades policiais locais, especialmente nas “cidades santuário” - em que leis municipais tendem a proteger imigrantes sem documentos de ordens federais de deportação: “Se vocês não vão nos ajudar, saiam do caminho”.

“Vamos fazer o trabalho, com você ou sem você”, disse ele.

Homan teve uma longa carreira no governo federal e trabalhou sob o comando do ex-presidente Barack Obama no ICE, em que supervisionou as deportações. Ele foi o diretor executivo associado da agência por quase quatro anos antes de Trump nomeá-lo diretor interino em 2017.

Trump e sua equipe de transição não delinearam como planejam realizar o esforço de deportação em massa, que provavelmente exigirá um financiamento substancial do Congresso e a cooperação dos países para aceitar os migrantes que retornam.

Ainda assim, aliados disseram que Trump agirá rapidamente para reverter as políticas de imigração do presidente Joe Biden, usando autoridades executivas para reduzir os caminhos para os migrantes solicitarem asilo.

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A escolha de Homan também sugere que a participação no Projeto 2025 da Heritage Foundation não impedirá que as pessoas sejam nomeadas para cargos na administração de Trump. Homan contribuiu para o projeto de política, do qual o presidente eleito procurou se distanciar durante a campanha.

Espera-se que Trump use cargos semelhantes aos de “czar” para concentrar o poder entre as pessoas consideradas leais na Casa Branca, o que fornecerá aos nomeados amplo poder de decisão sobre os departamentos e as agências do governo para implementar sua agenda.

Os cargos da Casa Branca não exigem confirmação do Senado.

O título de “Czar da fronteira” também vem depois que Trump e outros republicanos aplicaram essa descrição de forma irônica à vice-presidente Kamala Harris durante a campanha, dizendo que teria falhado em seus esforços para supervisionar um portfólio que abordasse as causas fundamentais da migração da América Central.

Nesta segunda-feira, Homan também atacou Harris. ”Vou parecer um gênio. Porque se você seguir o fracasso, não poderá evitar que seja bem-sucedido [nesse objetivo]”, disse ele.

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