Trump escolhe senador J.D. Vance como candidato a vice-presidente

Escolha foi anunciada por Trump em rede social dias após o atentado contra o ex-presidente; J.D. Vance, de 39 anos, é uma estrela em ascensão no Partido Republicano

JD Vance e Donald Trump
Por Stephanie Lai
15 de Julho, 2024 | 04:59 PM

Bloomberg — O ex-presidente Donald Trump escolheu J.D. Vance como seu candidato a vice-presidente, elevando à corrida presidencial o ex-investidor de venture capital que se tornou senador e cuja adesão à política ganhou atenção nacional e o tornou uma estrela em ascensão no partido.

“Após longas deliberações e reflexões, e considerando os imensos talentos de muitos outros, decidi que a pessoa mais adequada para assumir o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos é o senador J.D. Vance, do grande Estado de Ohio”, disse Trump, fazendo o anúncio nesta segunda-feira (15) em sua plataforma Truth Social, enquanto a Convenção Nacional Republicana começava em Milwaukee.

O anúncio ocorre dias após uma tentativa de assassinato frustrada que desestabilizou uma disputa presidencial que já era caótica. Trump foi ferido na orelha direita após tiros serem disparados em um comício de campanha no sábado em Butler, na Pensilvânia. Um participante foi fatalmente baleado e dois outros estão em estado crítico. O atirador foi morto pelo Serviço Secreto dos EUA.

Os tiros no comício, somados ao aumento global da violência política, foram um grave lembrete da importância do vice-presidente, que assumiria a Presidência na ausência ou na incapacidade de o presidente de cumprir as funções do cargo.

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J.D. Vance tem 39 anos, quase quatro décadas mais jovem que Trump, de 78 anos, marcando uma potencial mudança geracional para o partido e oferecendo uma nova voz aos esforços republicanos para reforçar sua atração pelos trabalhadores da classe operária, que antes eram a base do partido democrata em estados-chave como Michigan, Wisconsin e o estado natal do presidente Joe Biden, Pensilvânia.

A gestão da economia por Biden é uma das questões definidoras da campanha, já que o presidente luta para reconquistar muitos eleitores democratas tradicionais da classe trabalhadora que votaram em Trump em 2016 e 2020 e que permanecem céticos quanto à agenda econômica do atual presidente.

A violência em um comício na Pensilvânia é um momento definidor para a corrida, algo que provavelmente impulsionará a candidatura presidencial de Trump e mobilizará seus apoiadores enquanto a convenção começa.

O ex-presidente tem se mantido fora dos holofotes após um debate em 27 de junho entre ele e Biden — mantendo o foco da mídia no democrata.

O primeiro debate entre os dois foi marcado por um desempenho ruim de Biden que alarmou os democratas e provocou uma revolta entre alguns legisladores e doadores do partido, preocupados com a possibilidade do presidente em exercício não ser capaz de derrotar Trump.

A escolha de Vance fez Trump ignorar muitos dos próprios colegas do senador, incluindo Tim Scott, da Carolina do Sul, e Marco Rubio, da Flórida. Trump também descartou o governador de Dakota do Norte, Doug Burgum, um ex-executivo de tecnologia com uma forte base de doadores e popularidade entre líderes empresariais e de Wall Street.

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Vance chamou a atenção pela primeira vez em 2016 com a publicação de seu livro de memórias, Hillbilly Elegy, que pintou um quadro sombrio de crescer pobre em Ohio e estimulou uma discussão nacional sobre os desafios enfrentados pela classe trabalhadora branca. Ele foi cofundador da Narya Capital Management, um fundo de venture capital.

Antes crítico feroz de Trump — Vance anteriormente o chamou de “nauseante” e o acusou de “levar a classe trabalhadora branca a um lugar muito sombrio” — ele acabou abraçando seu movimento.

Trump venceu facilmente o estado de Ohio, de Vance, em suas duas últimas corridas presidenciais.

Carreira no Senado

Vance ganhou o endosso do ex-presidente e venceu a disputa por uma cadeira no Senado por Ohio em 2022. Ele tem estado alinhado com Trump em muitas questões que são fundamentais para Trump, incluindo adotar uma postura mais rígida contra a China no comércio e reforçar a segurança nas fronteiras.

Vance também tem sido um dos principais oponentes ao financiamento dos EUA para a Ucrânia em sua defesa contra a invasão russa. Ele disse à Bloomberg News que um recente ataque com mísseis russos a um hospital infantil em Kyiv não mudou suas opiniões.

“É trágico e terrível, mas não muda minha visão subjacente de que a América não tem a capacidade e não tem o interesse de responder a todas as tragédias que existem no mundo”, disse Vance.

A postura do senador o coloca em desacordo com a maior parte do establishment republicano, bem como com o presidente da Câmara, Mike Johnson, e o líder da minoria no Senado, Mitch McConnell.

O filho de Trump, Donald Trump Jr., defendeu a escolha de Vance. A decisão mostra a influência do jovem Trump sobre seu pai e como ele poderia desempenhar um papel em uma futura administração Trump. A filha de Trump, Ivanka Trump, e seu marido Jared Kushner ocuparam cargos formais durante o mandato de Trump na Casa Branca, mas desde então se afastaram da campanha.

Como outros republicanos, Vance tem sido um defensor ferrenho do ex-presidente em meio a seus problemas legais. Ele foi o primeiro candidato da lista de vice-presidentes a aparecer no tribunal de Manhattan, onde Trump foi julgado e condenado por falsificação de documentos comerciais para encobrir um pagamento de suborno.

Ele usou suas conexões empresariais para arrecadar dinheiro para Trump, incluindo a organização de uma grande arrecadação de fundos em São Francisco em junho, liderada por investidores do Vale do Silício David Sacks e Chamath Palihapitiya.

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