Trump anuncia tarifas de 25% à Colômbia após país negar voos de deportados

Retaliação ocorreu após o governo de Gustavo Petro ter se recusado a receber dois aviões militares com imigrantes com algemas e correntes; Colômbia reage e anuncia taxação a bens americanos

Além das tarifas, Trump também pediu a proibição de viagens e a revogação imediata de vistos para funcionários do governo colombiano (Foto: Yuri Gripas/Abaca/Bloomberg)
Por Stephanie Lai
26 de Janeiro, 2025 | 04:44 PM

Bloomberg — O presidente Donald Trump anunciou tarifas e proibições de viagem à Colômbia neste domingo (26), depois que o país sul-americano se recusou a permitir que dois aviões com imigrantes sem documentos pousassem em seu solo.

Em um post em rede social, Trump disse que ordenou uma tarifa emergencial de 25% sobre todos os produtos colombianos que entram nos EUA, que será aumentada para 50% em uma semana.

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Petróleo, ouro, café e flores lideram a lista de exportações, de acordo com as autoridades fiscais da Colômbia.

A ação de Trump interrompeu décadas de relações amistosas entre os dois países e pode ser devastadora para a frágil economia da nação andina.

As relações entre Trump e o presidente colombiano Gustavo Petro - de esquerda - eram amplamente esperadas como tensas, embora o desgaste tenha sido mais rápido e prejudicial do que quase todos antecipavam. O republicano tomou posse há menos de uma semana, no último dia 20.

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Trump também pediu a proibição de viagens e a revogação imediata de vistos para funcionários do governo colombiano “e todos os aliados e apoiadores”, bem como sanções de vistos para membros do partido, familiares e apoiadores do governo do presidente Gustavo Petro.

A seção de vistos da embaixada dos EUA fechará nesta segunda-feira (27), possivelmente cancelando centenas de agendamentos, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto.

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Trump também declarou em sua publicação que reforçaria as inspeções alfandegárias de todos os cidadãos e cargas colombianos por motivos de segurança nacional. Ele acrescentou que, sob sua autoridade executiva, sanções financeiras, bancárias e do Tesouro serão totalmente impostas.

"A negação desses voos por Petro colocou em risco a Segurança Nacional e a Segurança Pública dos Estados Unidos", disse Trump.

Reação de Gustavo Petro

Petro respondeu menos de três horas após a publicação de Trump e afirmou que havia ordenado tarifas retaliatórias de 25% sobre as importações dos EUA.

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O governo colombiano ajudará no processo de substituição das importações mais caras dos EUA por produção doméstica, disse ele em uma publicação no X, sem dar mais detalhes.

A reação de Trump mostra como ele enxerga as tarifas comerciais como uma arma econômica a ser usada contra governos que possam desafiar seus objetivos geopolíticos. Isso envia uma mensagem poderosa ao mundo: nem mesmo antigos aliados políticos estão seguros se não cooperarem com ele.

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As ações foram tomadas em resposta a dois voos que transportavam um total de 160 pessoas, parte de um grupo de 350 colombianos programados para deportação, disse uma pessoa familiarizada com a situação.

Inicialmente, Petro havia aceitado os voos, mas mudou de ideia ao perceber que os EUA estavam enviando os imigrantes em aviões militares e com algemas e correntes. O México cancelou um voo de deportados antes da decolagem, afirmando previamente que não permitiria que um avião militar aterrissasse, disse a pessoa.

Autoridades latino-americanas, incluindo Petro e o Itamaraty, expressaram consternação com o fato de os imigrantes chegarem com grilhões nas pernas e algemas. Os EUA e El Salvador trabalham em um acordo de asilo que permitiria aos EUA deportar migrantes não salvadorenhos para a nação centro-americana.

Em um comunicado no domingo, a Colômbia afirmou que ofereceria o avião presidencial para transportar os imigrantes de volta. E a recém-nomeada ministra das Relações Exteriores de Petro, Laura Sarabia, disse que a Colômbia está aberta a negociações com os EUA.

Principal parceiro comercial

Enquanto a maioria dos países da América do Sul agora fecha mais negócios com a China, os EUA continuam sendo o principal parceiro comercial da Colômbia.

Entre janeiro e novembro de 2024, as exportações colombianas para os EUA totalizaram US$ 13 bilhões, um aumento de quase 8% em comparação com o mesmo período de 2023. Os colombianos nos EUA também geram fortes laços culturais e fluxos de remessas.

A Colômbia é a quarta maior fonte de petróleo estrangeiro para os EUA, à frente tanto da Arábia Saudita quanto do Brasil, de acordo com a Administração de Informações sobre Energia. Os dados mais recentes mostram que a Colômbia enviou mais de 215.000 barris de petróleo bruto diariamente para portos dos EUA.

Cerca de um terço, ou 29%, das exportações colombianas têm como destino os EUA.

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