Trump adia a imposição de tarifas à China e pede estudos sobre taxas, dizem fontes

Governo deve começar com um possível engajamento com Pequim, em vez de outra guerra comercial imediata, o que reflete nova estratégia de busca de acordo com o presidente chinês

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Bloomberg — O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, não vai impor tarifas específicas para a China em seu primeiro dia no cargo, já que o novo governo começa com um possível engajamento com Pequim, em vez de outra guerra comercial imediata, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.

A decisão de não atacar Pequim imediatamente nesta segunda-feira (20) reflete uma mudança do novo presidente para um modo de negociação e uma disposição de fechar outro acordo com o presidente chinês, Xi Jinping, disse uma pessoa familiarizada com a decisão.

Em vez disso, Trump pedirá que agências federais estudem as políticas tarifárias e o relacionamento comercial dos Estados Unidos com a China, o Canadá e o México, de acordo com novas autoridades da Casa Branca de Trump.

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A mudança planejada, relatada primeiro pelo Wall Street Journal e confirmada por autoridades de Trump à Bloomberg News, se traduz em não impor novas tarifas na segunda-feira, mas pode preparar o cenário para taxas comerciais nas próximas semanas ou meses.

Trump disse que poderia assinar até cem ações executivas na segunda-feira. Seus funcionários disseram que essas ordens também incluirão medidas para conter a inflação e cortar regulamentações, particularmente aquelas relacionadas à produção de petróleo e gás.

Durante seu primeiro mandato, Trump negociou um acordo comercial de “fase um” com Pequim que encerrou anos de tarifas retaliatórias, mas poucas das compras prometidas pela China de produtos americanos se materializaram.

O dólar caiu com a notícia de que Trump se absteria de implementar tarifas agressivas imediatamente. Investidores especularam que uma guerra comercial seria positiva para o dólar, já que provavelmente prejudicaria mais as economias estrangeiras do que os Estados Unidos, limitaria a demanda americana por bens internacionais e aumentaria o status de porto seguro da moeda.

Algumas pessoas familiarizadas com a decisão alertaram que Trump frequentemente muda rapidamente de ideia sobre a estratégia e pode decidir novamente seguir adiante com seus planos originais de mirar na China.

Ainda assim, as ações de segunda-feira sugerem uma abordagem mais deliberada do que a retórica inflamada sobre tarifas que Trump ofereceu durante sua campanha no ano passado.

Ameaças tarifárias

As tarifas de Trump — que ele ameaçou impor a adversários e aliados — devem ter um dos maiores impactos na economia dos Estados Unidos, dizem analistas.

O autoproclamado “homem das tarifas” decretou taxas em cerca de US$ 380 bilhões em importações em seu primeiro mandato. Na campanha eleitoral, ele prometeu medidas muito mais amplas, incluindo uma taxa de 10% a 20% sobre todos os bens importados e 60% sobre produtos chineses.

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Ele também prometeu uma tarifa de 25% sobre todos os produtos do Canadá e do México, e um imposto adicional de 10% sobre produtos chineses, o que, segundo ele, tem a intenção de incitar esses países a interromper o fluxo de migrantes sem documentos e drogas ilegais para os Estados Unidos.

É discutível se as tarifas ajudarão a fechar o déficit comercial, trazer a indústria de volta ou acabar com qualquer crise. Muitos economistas estão céticos. Tarifas no curto prazo são mais propensas a levar a uma maior valorização do dólar, aumentar o custo das importações e elevar as receitas do governo, pelo menos inicialmente.

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