Bloomberg — A Universidade de Harvard vai eliminar as cobranças para estudantes de famílias com renda de até US$ 200.000 por ano para tentar ampliar o acesso à formação superior em um momento em que as universidades de elite estão sob ataque da Casa Branca e dos legisladores.
A expansão do auxílio financeiro em Harvard, a faculdade mais antiga e mais rica dos Estados Unidos, significa que a escola será gratuita para famílias que ganham US$ 100.000 ou menos, com alimentação e moradia também cobertas. Os alunos com renda até o limite de US$ 200.000 não pagarão a pelo curso, de acordo com um comunicado na segunda-feira (17).
Programas semelhantes foram anunciados recentemente na Universidade da Pensilvânia e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), com o impulso para aumentar a acessibilidade econômica, uma vez que o preço para frequentar muitas escolas de elite ultrapassa US$ 90.000 por ano.
“Colocar Harvard ao alcance financeiro de mais pessoas amplia o leque de formações, experiências e perspectivas que todos os nossos alunos encontram, promovendo seu crescimento intelectual e pessoal”, disse o presidente de Harvard, Alan Garber.
O novo programa terá início no ano acadêmico de 2025-2026 e ajudará cerca de 86% das famílias dos EUA a se qualificarem para o auxílio financeiro da Universidade de Harvard, de acordo com o comunicado. Atualmente, a escola é gratuita para famílias que ganham até US$ 85.000 por ano.
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O plano foi anunciado no momento em que o governo Trump ameaça retirar o financiamento federal da universidade e de outras faculdades, citando falhas no combate ao antissemitismo, bem como no apoio aos esforços de diversidade, equidade e inclusão.
Os legisladores também visam aumentar os impostos sobre as doações, que o vice-presidente JD Vance descreveu como “cânceres na sociedade americana”. Harvard afirmou que seu fundo patrimonial de US$ 53 bilhões continua a ser a maior fonte de receita que sustenta o orçamento da universidade e que apoia o auxílio aos alunos mais necessitados.
Em resposta à pressão sobre o financiamento, Garber anunciou este mês um congelamento temporário de contratações, alertando que a instituição precisa limitar novos compromissos de longo prazo até que os líderes “entendam melhor como as mudanças na política federal tomarão forma e possam avaliar a escala de seu impacto”. Outras instituições, incluindo a Universidade da Pensilvânia e a Universidade Stanford, tomaram medidas semelhantes.
O valor do curso de graduação em Harvard é de cerca de US$ 57.000 por ano, sendo que mais da metade dos alunos recebe auxílio financeiro.
Enquanto milhões de americanos lutam para pagar os empréstimos estudantis, mais famílias se questionam se os cursos de alto custo valem a pena. E, embora as faculdades de elite continuem a ser inundadas com inscrições de alunos ambiciosos, elas cada vez mais tomam medidas para lidar com as preocupações de acessibilidade.
Recentemente, a Universidade da Pensilvânia informou que deixaria de incluir o patrimônio líquido de uma família em sua residência principal ao determinar o auxílio financeiro e aumentou o limite para que as famílias recebam auxílio integral para as matrículas para US$ 200.000, em vez de US$ 140.000. No MIT, as famílias que ganham menos de US$ 100.000 podem esperar obter uma bolsa integral a partir do próximo semestre, sendo que os alunos abaixo do limite de US$ 200.000 não pagarão a matrícula.
Anteriormente, esperava-se que os alunos de Harvard de famílias que ganhavam até US$ 150.000 contribuíssem com até 10% de sua renda anual para o custo da frequência. Além de aumentar o limite para a gratuidade das mensalidades, a escola também disse que aumentaria o auxílio “dependendo das circunstâncias individuais” para os alunos cujas famílias ganham mais de US$ 200.000.
“Sabemos que os alunos mais talentosos vêm de diferentes origens e experiências socioeconômicas, de todos os estados e de todo o mundo”, disse William Fitzsimmons, reitor de admissões e auxílio financeiro da Faculdade de Harvard.
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