Buenos Aires — Sergio Massa conseguiu o que parecia impossível: que um ministro da Economia de um país com inflação anual de 138,3%, pobreza de mais de 40%, reservas líquidas negativas, dólares paralelos em máximas históricas em termos reais e múltiplos desequilíbrios macroeconômicos obtivesse uma ampla vitória eleitoral. O candidato presidencial da Unión por la Patria venceu as eleições gerais e concorrerá à presidência da Argentina contra o outsider Javier Milei no segundo turno, em 19 de novembro.
Apesar da situação econômica do país em crise, com praticamente 100% das seções eleitorais apuradas, Massa apresentava 36,55% dos votos às 23h55, quase seis pontos percentuais à frente de Milei. Dessa forma, ele está posicionado como o favorito para chegar à Casa Rosada para a posse em 10 de dezembro. Terá que revalidar seu triunfo eleitoral em novembro.
Massa, que assumiu o cargo de chefe do Tesouro em agosto de 2022, ainda não deu nenhuma indicação de quem seria seu sucessor à frente da pasta econômica se vencer em novembro. Há alguns dias, ele anunciou apenas que o ex-ministro da economia Roberto Lavagna teria um papel de liderança em um eventual governo.
A expectativa de que o ex-presidente da Câmara dos Deputados chegaria ao segundo turno aumentou muito poucos minutos após o fechamento das urnas. Na sede do Massa, Complejo C, no bairro de Chacarita, em Buenos Aires, a atmosfera era nitidamente mais otimista desde o início do que durante as eleições do PASO em 13 de agosto, equivalente às primárias.
Esse otimismo rapidamente se transformou em euforia e comemorações na sede do partido assim que os primeiros resultados oficiais foram conhecidos.
Com a vitória de Massa nas eleições gerais, a possibilidade de a equipe econômica do governo validar um novo salto abrupto na taxa de câmbio, conforme esperado pelo mercado, parece ter sido eliminada, pelo menos no futuro imediato.
Em vez disso, ganha força a possibilidade de que a taxa de câmbio oficial permaneça inalterada até meados de novembro, antes de retomar o sistema de microdesvalorizações diárias controladas, conhecidas como crawling pegs, conforme expressado publicamente nos últimos dias pelo vice-ministro da economia, Gabriel Rubinstein, e pelo diretor do Banco Central, Agustín D’Attellis.
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