Rússia decreta feriado depois de ameaça de mercenários de Wagner contra Putin

Prefeitura de Moscou anuncia medida excepcional nesta segunda, mas restrições de emergência foram suspensas depois que tropas rebeldes recuaram

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Bloomberg — A Rússia começou a suspender as restrições de emergência, em uma tentativa de restaurar a normalidade após o fim de um levante armado que representou a maior ameaça ao regime de quase 25 anos do presidente Vladimir Putin.

Putin não foi visto em público desde que denunciou como “traição” a revolta liderada pelo chefe mercenário de Wagner, Yevgeny Prigozhin, em um breve discurso televisionado à nação no início do sábado.

As forças de Prigozhin chegaram a 200 quilômetros (124 milhas) de Moscou antes que ele as retirasse em um acordo mediado pelo aliado de Putin, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko.

Sob o acordo, o Kremlin disse que Putin garantiu que Prigozhin poderia viajar para Belarus e retiraria as acusações criminais de motim contra ele e os combatentes de Wagner envolvidos. Isso aconteceu apenas algumas horas depois que o presidente disse aos russos que aqueles que participaram do levante “traíram a Rússia e responderão por isso”.

Prigozhin não comentou desde que anunciou em uma mensagem de áudio no Telegram no final do sábado que estava retirando suas forças para evitar derramamento de sangue.

Um vídeo nas redes sociais mostrou multidões o aplaudindo e apertando sua mão enquanto ele era expulso de uma instalação militar na cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, que o grupo Wagner havia assumido no início do motim.

As forças do grupo mercenário deixaram Rostov-on-Don e estavam indo para seus acampamentos, disse o governador regional Vasily Golubev no início do domingo. Autoridades regionais nas regiões de Voronezh e Lipetsk também relataram que as tropas de Wagner haviam deixado seus territórios.

Barreiras instaladas às pressas já foram desmontadas neste domingo em rodovias que levam a Moscou. A segunda-feira continuará sendo um dia não útil para a maioria dos moradores, conforme anunciou o prefeito Sergei Sobyanin após a imposição do “regime antiterrorista” na capital.

A rápida sucessão de eventos na Rússia levou os EUA e a Europa a tentar entender as implicações políticas de um levante que parecia minar a autoridade anteriormente inquestionável de Putin no Kremlin.

A crise se desenrolou em meio a divisões na Rússia sobre a guerra na Ucrânia, que é o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, enquanto uma contra-ofensiva ucraniana continua tentando expulsar as forças russas dos territórios ocupados.

O confronto tem ecos na história russa, em que líderes como o czar Nicolau II e o presidente soviético Mikhail Gorbachev foram depostos após desventuras militares. O próprio Putin, em seu discurso televisionado, fez uma comparação com as divisões na Rússia durante a Primeira Guerra Mundial que levaram à Revolução Bolchevique de 1917 e à guerra civil.

Prigozhin, de 62 anos, há meses ataca o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e altos oficiais do exército em Moscou, alegando que eles falharam em apoiar adequadamente as tropas de Wagner que lutam na Ucrânia, particularmente durante as batalhas pela cidade de Bakhmut, no leste do país.

Ele também pediu repetidamente às autoridades que introduzam medidas mais duras, incluindo mobilização total e lei marcial para prosseguir com a guerra na Ucrânia, alertando que a Rússia corre o risco de ser derrotada sem elas.

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