Bloomberg — À medida que as negociações da COP28 chegavam ao fim em Dubai, uma das potências energéticas mundiais disse que deseja reunir uma frente unida entre um grupo de economias não-ocidentais ao enfrentar questões climáticas globais.
A “tarefa da Rússia é combinar esforços e abordagens comuns no espaço eurasiático e no espaço dos Brics” no que diz respeito à agenda climática, afirmou o primeiro vice-ministro da Economia, Ilya Torosov, em uma entrevista na terça-feira (12) durante a conferência da COP28.
Os países do Brics, que buscam ser uma alternativa ao G7 e, até este ano, eram compostos por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, serão acompanhados por Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Etiópia e Egito a partir de 2024. A Rússia presidirá o grupo Brics no próximo ano.
Como parte de suas responsabilidades, a Rússia planeja organizar um grupo de contato sobre questões climáticas, disse Torosov. Ele insistiu que, mesmo com sanções impostas à Rússia e uma economia cada vez mais reorientada para o leste, longe da União Europeia, o país não abandonou a agenda climática.
“Nós vemos a descarbonização como um impulsionador do crescimento econômico”, afirmou.
Os Estados Unidos e seus aliados impuseram uma série de sanções à Rússia e buscaram isolar o país no cenário internacional após a invasão da Ucrânia pelo Kremlin em fevereiro de 2022.
As restrições têm como alvo uma ampla gama de atividades econômicas, desde cortar bancos do sistema internacional de pagamentos Swift até sufocar importações de equipamentos de alta tecnologia.
Apesar disso, a Rússia continua sendo uma das principais exportadoras de petróleo e gás e um membro importante da Opep+, a aliança entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e outros grandes produtores de petróleo. A Rússia também está entre os maiores fornecedores de combustível nuclear.
A Rússia pretende aumentar o uso de fontes de energia renovável até 2030, disse Torosov. Usinas hidrelétricas e nucleares, bem como gás natural, permanecerão como parte da mistura enquanto Moscou busca reduzir a parcela de carvão usado para alimentar o país.
Como parte desse esforço, a Rússia criará seu próprio serviço de monitoramento climático focado em oceanos, permafrost (terrenos permanentemente congelados por mais de 2 anos), desertificação e absorção de carbono, disse ele, acrescentando que 40 organizações científicas trabalham para lançar o serviço. A Rússia também pretende gastar 10 bilhões de rublos (US$ 111,6 milhões) em desenvolvimento científico.
As negociações da COP28, sediadas nos Emirados Árabes Unidos, terminaram em um acordo histórico que, pela primeira vez, inclui o compromisso do mundo com uma transição longe de todos os combustíveis fósseis.
O acordo final pede que os países mudem rapidamente os sistemas de energia para longe do combustível poluente de maneira justa e ordenada, qualificações que ajudaram a convencer os céticos. Os países também são chamados a contribuir para um esforço global de transição, em vez de serem obrigados a fazer essa mudança por conta própria.
A Rússia está satisfeita com os resultados das negociações climáticas deste ano, disse Torosov. Moscou também saúda o fato de que a próxima cúpula climática será realizada no Azerbaijão, outro importante produtor de petróleo e parte da coalizão Opep+.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
BlackRock: reforma em bancos de desenvolvimento liberaria US$4 tri para transição verde