Bloomberg — O Brasil está prestes a importar uma quantidade recorde de combustível russo este mês, consolidando a Rússia na posição de principal fornecedor do país, enquanto Moscou busca novos mercados após a proibição da União Europeia.
As importações de produtos petrolíferos russos devem aumentar 25% em relação a julho, chegando a cerca de 235.000 barris por dia, de acordo com dados da empresa de análise de energia Kpler Ltd. Isso supera em muito os Estados Unidos, que costumavam ser o principal fornecedor estrangeiro de combustíveis para o Brasil.
O Brasil começou a aumentar significativamente as compras em fevereiro, o mês em que a UE proibiu as importações e se juntou a outras nações do G7 ao impor um teto nos preços dos combustíveis russos.
Os EUA e seus aliados estão tentando limitar o fluxo de dólares do petróleo para a Rússia para reduzir o financiamento para a guerra do país na Ucrânia. As medidas reduziram os preços dos combustíveis russos, que precisam ser competitivos para se destacarem em novos mercados.
“Adquirir barris com desconto é um benefício financeiro para o Brasil, onde o governo está sempre sob pressão para reduzir o custo dos combustíveis de transporte”, disse Viktor Katona, analista-chefe de petróleo da Kpler.
O limite de preço para produtos premium de petróleo russo, como o diesel, é de $100 por barril, enquanto o limite para combustíveis com desconto é de $45 por barril. No sistema, empresas em nações do G-7 só podem transportar petróleo russo se os carregamentos custarem menos do que esses preços.
Katona estima que a compra de diesel russo reduziu os preços de importação do Brasil para o combustível em $10 a $15 por barril.
Desde que o limite entrou em vigor, o Brasil se tornou o segundo maior comprador de diesel russo no mundo, ficando atrás apenas da Turquia, de acordo com a Kpler. O Brasil tentou adotar uma postura neutra sobre quem é o culpado pela guerra.
Desde junho, a Rússia também começou a fornecer gasolina ao Brasil, embora em uma escala muito menor, e é possível que os embarques de nafta também aumentem, de acordo com a Kpler.
“O Brasil é o maior mercado da América Latina, então as refinarias russas estão focadas em fornecer ao país”, disse Katona. “Até mesmo as empresas brasileiras admitem que a compra de diesel russo cria uma vantagem competitiva, então espero que continue avançando.”
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