Bloomberg — No domingo de Páscoa (20), o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, visitou o Papa Francisco no Vaticano. Foi o último encontro oficial do pontífice antes de sua morte nesta segunda-feira (21).
À medida que as atenções do mundo se voltam para os possíveis candidatos a substituir Francisco, os Estados Unidos - um país que nunca teve um papa - podem produzir um dos concorrentes: o Cardeal Raymond Leo Burke, considerado um ultraconservador social.
Esse é um sinal de como a eleição pode ameaçar o que os apoiadores de Francisco consideram seu legado como um papa reformador.
Como a Igreja tem crescido em partes do mundo mais conservadoras do ponto de vista social, especialmente na África, a instituição poderia se afastar de suas posições relativamente liberais em questões como os direitos LGBTQ.
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O Colégio de Cardeais, com as figuras mais graduadas da Igreja nomeadas pelo pontífice, se reunirá no Conclave em cerca de duas semanas para eleger o sucessor de Francisco.
Cerca de 135 cardeais - todos homens - terão direito a voto depois que Francisco nomeou 21 novos cardeais em dezembro. Essa decisão do falecido papa pode tornar mais provável que um candidato da Ásia ou da África seja selecionado.
O último pontífice italiano, o Papa João Paulo I, morreu em 1978.
Com a eleição realizada sob um juramento de sigilo absoluto, milhões de católicos romanos ficarão na dúvida até que a tradicional fumaça branca seja vista sobre o Vaticano.
Pode ser um processo altamente imprevisível, em que ser considerado favorito pode contar contra um candidato - daí o tradicional ditado romano de que aquele que entra no conclave como Papa sai como cardeal.
Enquanto isso, aqui estão alguns dos cardeais de maior destaque considerados “papabile” - ou elegíveis:
Pietro Parolin, da Itália
Parolin, 70 anos, é o atual secretário de Estado do Vaticano e é um dos mais fortes candidatos da Itália. Ele é conhecido por suas habilidades diplomáticas e pode ser visto como um par de mãos seguras dentro da Igreja.
Raymond Leo Burke, dos EUA
Burke, 76 anos, foi um dos críticos mais veementes de Francisco e é ex-arcebispo de St. Louis, no estadpo americano de Missouri. Ele se opôs a qualquer abrandamento na posição do pontífice em relação ao divórcio, aos direitos LGBTQ e, em 2014, disse que a igreja havia se tornado “como um navio sem leme”.
Matteo Zuppi, da Itália
O cardeal italiano de 69 anos pode surgir como um candidato de continuidade, se a eleição se resumir a uma disputa entre progressistas e conservadores.
Ele é o atual presidente da Conferência Episcopal da Itália e é considerado o favorito entre aqueles que querem a continuação das políticas do Papa Francisco. Ele é conhecido por seus esforços humanitários e diplomáticos, incluindo uma missão de paz na Ucrânia.
Peter Turkson, de Gana
Turkson, 76 anos, seria o primeiro papa negro da história moderna. Ele foi um dos principais candidatos durante o conclave de 2013. Dois anos depois, ele ajudou a escrever a encíclica do Papa Francisco sobre mudanças climáticas. Ele é conhecido por suas opiniões relativamente liberais sobre justiça social e direitos humanos.
Luis Tagle, das Filipinas
Tagle, 67 anos, é prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos e ex-arcebispo de Manila. Forte defensor de uma maior inclusão, ele poderia emergir como o candidato preferido da ala progressista da Igreja.
Peter Erdo, da Hungria
Erdo, 72 anos, cardeal húngaro e arcebispo de Esztergom-Budapeste, poderia ser a escolha preferida daqueles que, na Igreja, pedem um retorno a uma doutrina teológica mais tradicional.
Mykola Bychok, da Ucrânia
O bispo de 45 anos e Eparca dos Santos Pedro e Paulo de Melbourne pode ser um dos candidatos mais jovens. Ele tem se manifestado especialmente sobre os direitos do povo da Ucrânia após a invasão da Rússia.
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