Queda de McCarthy cria turbulência e mais impasse nos EUA

Disputa em torno dos gastos públicos revelou profundas divisões entre republicanos leais a Trump e membros mais moderados do partido de oposição

Kevin McCarthy, ex-presidente da Câmara dos EUA
Por Billy House - Erik Wasson - Mackenzie Hawkins
04 de Outubro, 2023 | 09:20 AM

Bloomberg — A destituição de Kevin McCarthy do cargo de presidente da Câmara dos Estados Unidos – a primeira da história do Capitólio – aumentou o nervosismo no mercado, com novo risco de paralisação do governo americano e de rebaixamento da nota de crédito do país.

McCarthy perdeu o posto depois que os radicais de seu próprio Partido Republicano se revoltaram por causa de seu compromisso com os Democratas para evitar uma paralisação do governo no fim de semana passado.

Ele disse que não concorrerá novamente à presidência da Câmara e não cogitou renunciar ao Congresso.

O republicano Patrick McHenry assumiu interinamente após um placar de 216 votos a favor da destituição e 210 contra. A votação para o substituto de McCarthy deve ocorrer em 11 de outubro.

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A disputa em torno dos gastos públicos revelou as profundas divisões entre republicanos leais ao ex-presidente Donald Trump e membros mais moderados do partido de oposição.

Pode ser uma boa notícia para o presidente democrata Joe Biden, que concorre a re-eleição em novembro de 2024, já que divisões desse tipo foram seguidas de resultados eleitorais fracos para o Partido Republicano em 2018, 2020 e 2022.

“Não me arrependo de ter negociado”, disse McCarthy. “Não me arrependo dos meus esforços para construir coligações e encontrar soluções.”

A turbulência política alimentou preocupações entre investidores e líderes políticos de todo o mundo. A Moody’s, única grande agência de classificação de risco que ainda atribui nota de crédito máxima aos EUA, alertou no final de setembro que sua confiança no país se enfraqueceu devido a receios com a “governança”.

O Goldman Sachs (GS) disse que a destituição aumenta o risco de uma paralisação do governo no próximo mês. O sucessor de McCarthy estará provavelmente sob “ainda mais pressão” da ala mais à direita do partido para evitar outro acordo temporário sobre gastos com os democratas, disse o banco.

A medida provisória que evitou uma paralisação do governo no início do novo ano fiscal este mês vale apenas até 17 de novembro.

“Agora eles ficarão atolados em uma eleição para presidente da Câmara por sabe-se lá quanto tempo”, disse o senador republicano John Cornyn, do Texas.

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-- Com a colaboração de Gregory Korte, Annmarie Hordern, Joe Mathieu e Laura Litvan.

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