Bloomberg — O presidente Putin assinou um decreto nesta terça-feira (19) que permite que a Rússia dispare armas nucleares em resposta a um ataque convencional maciço em seu solo, inclusive por drones.
A mudança segue uma promessa que Putin fez em setembro de revisar a doutrina nuclear do país dessa maneira.
Os títulos do governo e as moedas tradicionais de refúgio, incluindo o iene japonês e o franco suíço, subiram à medida que os investidores correram para comprar os ativos mais seguros. O rendimento alemão de 10 anos caiu até oito pontos-base, e atingiu seu nível mais baixo desde outubro.
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O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, confirmou que a Rússia consideraria um ataque da Ucrânia usando mísseis ocidentais como um ataque de um Estado não nuclear apoiado por uma potência nuclear.
"A Federação Russa mantém o direito de usar armas nucleares no caso de agressão com armas convencionais contra ela" que represente uma ameaça crítica à soberania ou à integridade territorial, disse Peskov de acordo com o serviço de notícias estatal Tass.
O líder russo advertiu os EUA e seus aliados europeus contra a permissão para que a Ucrânia ataque a Rússia com armas ocidentais de alta precisão e de longo alcance, e disse que isso os colocaria em conflito direto com seu país.
O governo Biden aprovou o uso de mísseis ATACMS de fabricação americana por Kiev para atingir alvos militares dentro da Rússia. A Ucrânia vem disparando seus drones de fabricação nacional na Rússia há meses, mas as armas dos EUA são mais destrutivas.
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As autoridades ucranianas disseram que precisam da capacidade de atingir as bases aéreas e os aviões que a Rússia usa para ataques com bombas e mísseis.
Ataque ucraniano
Ainda nesta terça-feira (19), forças ucranianas teriam realizado seu primeiro ataque em uma região fronteiriça da Rússia utilizando mísseis fornecidos pelo Ocidente.
A Ucrânia disparou mísseis ATACMS para atacar uma instalação militar na região ocidental de Bryansk, informou a RBC Ucrânia, ao citar um oficial das forças armadas do país. Foi o primeiro ataque conhecido após a decisão da administração do presidente Joe Biden de aprovar o uso limitado desses mísseis por Kiev para atingir alvos dentro da Rússia.
O Estado-Maior da Ucrânia confirmou o ataque a um depósito na cidade de Karachev, onde munições armazenadas no local detonaram, a cerca de 115 quilômetros (71 milhas) da fronteira com a Ucrânia. Nem o Estado-Maior nem o Ministério da Defesa comentaram sobre quais mísseis foram usados, e alegou que as informações são confidenciais.
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