Principais candidatos à presidência da Argentina reprovam entrada nos Brics

Candidato favorito, Javier Milei afirmou que seu governo teria relações apenas com nações que defendem “liberdade, paz, democracia e livre comércio”

Candidato é contrário à adesão de Argentina aos Brics
Por Manuela Tobias
25 de Agosto, 2023 | 11:32 AM

Bloomberg — A decisão da Argentina de se juntar aos Brics está enfrentando resistência interna, com dois principais candidatos à presidência criticando os membros do grupo de economias emergentes, e um deles prometendo retirar o país sul-americano do bloco por completo.

O candidato favorito, Javier Milei, quando questionado sobre sua visão em relação ao bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, afirmou que seu governo teria relações apenas com nações que defendem liberdade, paz, democracia e livre comércio.

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“Alguns países não estão alinhados com esses princípios”, disse ele a repórteres na quinta-feira (24). No entanto, ele acrescentou que o setor privado seria livre para realizar comércio livremente.

Patricia Bullrich, a candidata de uma coalizão opositora favorável ao mercado, foi mais enfática: “A Argentina sob o meu governo não fará parte dos Brics”, afirmou em um discurso. Ela acrescentou que o presidente Alberto Fernández colocou o país “em uma posição de enorme fraqueza” ao se comprometer a entrar no bloco ao lado do Irã durante a invasão da Ucrânia.

Arábia Saudita, Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos devem se juntar ao bloco junto com a Argentina a partir de 1º de janeiro, conforme anunciaram líderes dos Brics ao final de uma cúpula em Johanesburgo, onde eles buscaram expandir a influência global do grupo.

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As questões sobre o compromisso de longo prazo da Argentina com os Brics destacam os desafios que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, enfrenta para ter mais representatividade da América Latina no grupo. A inclusão da Argentina segue um pedido feito no ano passado por Fernández, um aliado próximo do líder brasileiro.

Em discurso em Johanesburgo, Lula disse que o Brasil negociaria com o novo presidente da Argentina, independentemente de quem vença as eleições em 22 de outubro.

“Pode ser que o presidente não queira negociar com o Brasil, e isso é seu direito soberano”, afirmou. “A relação com a Argentina é muito importante para o Brasil e para a América do Sul.”

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-- Com a colaboração de Simone Iglesias

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