Primárias na Argentina: conheça as propostas de política econômica dos candidatos

A economia assumiu o papel central na agenda eleitoral, com a inflação chegando perto de 120% e os mercados esperando uma forte desvalorização do peso

El Congreso de Argentina. Las elecciones legislativas definirán la composición de las dos cámaras del Congreso.
Por Belén Escobar (BR) - Francisco Aldaya (BR)
13 de Agosto, 2023 | 11:42 AM

Leia esta notícia em

Espanhol

Bloomberg Línea — Os argentinos vão às urnas neste domingo (13) para as eleições primárias. O debate entre os principais candidatos à presidência do país tem se concentrado nas questões mais urgentes para a população local.

Com a inflação rondando os 120% e as taxas de câmbio paralelas em alta, essas preocupações têm um denominador comum: a economia.

Quatro dos principais candidatos – Horacio Rodríguez Larreta, Patricia Bullrich, Sergio Massa e Javier Milei – sabem que, se chegarem à presidência, terão de lidar com pedidos mais severos de ajuste fiscal e monetário do Fundo Monetário Internacional (FMI) e com um Banco Central (BCRA) com reservas líquidas negativas.

Conheça quais são suas propostas econômicas para levar a Argentina de volta ao caminho do crescimento e do desenvolvimento:

PUBLICIDADE

Horacio Rodríguez Larreta (Juntos por el Cambio)

Horacio Rodríguez Larreta, candidato a prefeito da cidade de Buenos Aires pela coalizão Juntos por el Cambio, propõe o desmantelamento dos controles monetários e a unificação de todas as taxas de câmbio. Ele acredita na necessidade de estabilidade e previsibilidade nas políticas públicas e econômicas.

O site oficial de Larreta afirma: “No primeiro dia, desmantelaremos o sistema atual que está afetando o desempenho da economia. No primeiro ano do governo, teremos uma taxa de câmbio única e livre”. Ele também enfatiza um banco central independente e anti-inflacionário e pretende proibir a autoridade monetária de financiar os déficits do governo.

Rodríguez Larreta ressalta que a transferência de 2,7 trilhões de pesos (US$ 9,4 bilhões) do Banco Central para o governo em 2022 resultou na maior inflação dos últimos 30 anos.

Ele pretende modificar a Carta Orgânica do BCRA para resolver esse problema. Ele também planeja o fim da emissão monetária para reduzir a inflação e proteger os salários, com o objetivo de que os salários reais sejam mais altos no final de seu mandato.

Patricia Bullrich (Juntos por el Cambio)

Patricia Bullrich, segunda candidata do Juntos por el Cambio, defende reformas que poderiam melhorar os incentivos econômicos para empresas e investidores, restaurar a solvência fiscal e reconstruir gradualmente a credibilidade internacional do país.

Bullrich pretende eliminar os controles monetários e realizar a “descontaminação fiscal”. Seu assessor econômico, Luciano Laspina, chegou a sugerir a possibilidade de buscar um novo empréstimo do FMI para proteger o governo contra saques massivos de pesos.

Com relação à complexa situação da moeda, Bullrich rejeitou uma proposta de dolarização da economia apresentada por seu rival Javier Milei, com quem ela pode ter considerado uma aliança nos estágios iniciais da campanha eleitoral.

PUBLICIDADE

A candidata é a favor de uma abordagem “bimonetária” como uma opção melhor para a Argentina, que legalizaria mais usos oficiais para o dólar, ao mesmo tempo em que manteria o peso para a maioria das transações. Bullrich também enfatiza que o combate à inflação exige a redução do déficit orçamentário.

Sergio Massa (Unión por la Patria)

Sergio Massa, que ainda atua como ministro da Economia enquanto trabalha em sua candidatura, focou no equilíbrio fiscal, no superávit comercial, nas taxas de câmbio competitivas e no desenvolvimento socialmente inclusivo liderado pelo Estado.

Ele acredita que o desafio é aumentar ainda mais a estabilidade da renda e tem supervisionado uma tentativa de estabilizar a economia desde agosto de 2022. Ele permitiu que o peso se desvalorizasse em um ritmo acelerado, especialmente nas últimas semanas.

Massa enfatiza o aumento e a manutenção das exportações atuais, principalmente do setor agroindustrial. Ele pretende renegociar ainda mais o programa atual com o FMI.

Javier Milei (La Libertad Avanza)

Javier Milei, candidato à presidência pelo La Libertad Avanza, oferece uma ampla plataforma com medidas econômicas radicais. Seu plano inclui a dolarização total para conter a inflação de três dígitos, reformas trabalhistas, privatizações, reduções nos encargos dos empregadores e a substituição das indenizações por um sistema de seguro-desemprego.

Os cortes orçamentários poderiam chegar a 15% do PIB e incluiriam a eliminação de vários ministérios, bem como investimentos públicos em infraestrutura.

Milei defende a eliminação gradual dos programas sociais, a divisão da receita federal, a redução dos gastos públicos e as reformas tributárias.

Ele propõe a eliminação do Banco Central e a competição monetária, permitindo que os cidadãos escolham o sistema monetário ou a dolarização total.

Leia também:

Argentina chega às eleições primárias em busca de esperança após crises em série

Cenário de alavancagem exige reestruturação sem precedentes, alerta banco global

Belén Escobar

Belén Escobar (BR)

Graduada em Jornalismo (Universidad Nacional de Lomas de Zamora). Especializada em economia e finanças. Foi jornalista da agência Noticias Argentinas (NA) e colunista do Canal de la Ciudad. Ela também colaborou com o portal iProfesional.

Francisco Aldaya

Jornalista argentino com 10 anos de experiência. Francisco cobriu o setor financeiro da América Latina na S&P Global Market Intelligence e também trabalhou nas seções de economia e política do Buenos Aires Herald. Ele também contribuiu para o Buenos Aires Times.