Bloomberg — O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, deve anunciar sua renúncia ao cargo de líder do Partido Liberal do país nesta semana, informou o jornal local Globe and Mail, uma medida que desencadearia uma disputa para substituí-lo como premiê.
Trudeau vem sofrendo pressão dos legisladores de seu partido para renunciar há meses. Isso só se intensificou desde que Chrystia Freeland, sua ministra das finanças, deixou o cargo em 16 de dezembro, dizendo que ela e o primeiro-ministro estavam em desacordo quanto à política.
A decisão de Trudeau sobre o que fazer em seguida está sendo guardada a sete chaves, de acordo com uma pessoa próxima ao primeiro-ministro. A reportagem do Globe, que citou pessoas que o jornal não identificou, não disse que Trudeau já se decidiu firmemente a renunciar ao poder.
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Os legisladores do seu partido programaram uma reunião de bancada para a quarta-feira (8).
Após o rompimento com Freeland, alguns dos conselheiros mais próximos de Trudeau consideraram que o primeiro-ministro seria incapaz de sobreviver às consequências políticas, disseram à Bloomberg News pessoas familiarizadas com o assunto.
Crise de confiança
Mais de 20 membros do Partido Liberal no parlamento pediram publicamente a saída de Trudeau, e um número ainda maior disse em reuniões privadas que o primeiro-ministro não tem outra opção a não ser sair. Os liberais têm 153 cadeiras na Câmara dos Comuns, incluindo a de Trudeau.
"O país pode enfrentar instabilidade, principalmente devido a uma ameaça econômica com a possível imposição de uma tarifa de 25% dos EUA sobre as importações canadenses pelo novo governo", disse uma carta recente enviada ao primeiro-ministro por Kody Blois, que lidera um grupo de membros liberais das quatro províncias mais ao leste. "Em termos simples, o tempo é essencial", disse Blois, acrescentando que "não é sustentável que o senhor continue como líder".
A moeda canadense se fortaleceu em até 0,4%, para C$1,4388 por dólar, após a reportagem do Globe, antes de reduzir esses ganhos. A moeda tem sido negociada perto de seu nível mais fraco desde março de 2020 e perdeu mais de 7% em relação ao dólar no ano passado.
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“Os traders podem estar comprando o loonie com a visão de que o pior já passou para a política canadense depois de toda a incerteza recente”, disse Ken Cheung, estrategista do Mizuho Bank.
Disputa pelo poder
O primeiro-ministro desapareceu em grande parte das atenções do público desde que Freeland publicou sua carta de demissão contundente. Trudeau passou a maior parte das férias em um resort de esqui no oeste do Canadá e não falou com os repórteres desde que retornou a Ottawa.
Se Trudeau, 53 anos, anunciar que pretende renunciar após nove anos no poder, isso dará início a uma disputa interna no partido sobre como escolher um sucessor. Se ele renunciar imediatamente, os liberais provavelmente escolherão um líder interino dentro de sua bancada eleita.
Entretanto, também é possível que Trudeau decida permanecer no cargo enquanto os membros do Partido Liberal realizam uma disputa pela liderança para escolher seu sucessor. O cronograma para uma disputa partidária teria que ser muito apertado, já que os principais partidos da oposição disseram que pretendem votar contra o governo na próxima sessão da Câmara.
Especialistas parlamentares disseram que o governo pode ter apenas até março para enfrentar um voto de desconfiança na Câmara.
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As regras da corrida pela liderança também seriam muito disputadas dentro do partido. Freeland tem telefonado para os legisladores liberais e espera-se que ela concorra à liderança, caso surja uma oportunidade.
Mark Carney, ex-governador do Banco do Canadá e do Banco da Inglaterra, também pode se candidatar, se for uma disputa aberta que não favoreça os legisladores em exercício, disse uma pessoa familiarizada com o assunto. Trudeau já havia cortejado Carney para que ele entrasse no gabinete como ministro das Finanças, uma medida que acabou levando à renúncia de Freeland. Carney é presidente da Brookfield Asset Management e da Bloomberg Inc., entre outras funções.
Os membros do gabinete de Trudeau que são frequentemente mencionados em discussões sobre a liderança do partido incluem a ministra das Relações Exteriores, Melanie Joly; o ministro da Indústria, François-Philippe Champagne; e Anita Anand, a ministra responsável pelo Transporte e Comércio Interno.
Todos terão que calcular se agora é o momento certo para liderar os liberais. Uma nova pesquisa da Nanos Research, realizada no final de dezembro, mostra que o Partido Conservador está ampliando sua enorme vantagem no ano eleitoral.
--Com a colaboração de Ruth Carson.
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