Preferência dos argentinos por dólar cria boom inesperado de corretoras

Corretoras correm para contratar equipes, abrir novos escritórios e lançar aplicativos em meio à demanda frenética dos argentinos por manobras financeiras para converter pesos em dólar

Um negociado guarda notas de cem dólares e notas de 1000 pesos em Buenos Aires, Argentina
Por Ignacio Olivera Doll
02 de Outubro, 2023 | 03:55 PM

Bloomberg — O desastre econômico da Argentina devastou o câmbio, fez disparar a inflação e empurrou os níveis de pobreza a máximas de 15 anos. As empresas demitem e uma recessão se aproxima.

Mas para as corretoras do mercado financeiro, o caos alimentou um boom diferente de tudo que os veteranos do setor já viram. Elas correm para contratar equipes, abrir novos escritórios e lançar aplicativos para smartphones em meio à demanda frenética dos argentinos por manobras financeiras para converter pesos em dólar.

Algumas corretoras locais quadruplicaram sua força de trabalho desde 2019 e registraram aumentos de cinco vezes nos lucros. Corretoras antigas e extintas que estão fora do mercado há décadas — mas ainda têm suas licenças de operação — estão sendo compradas por US$ 300.000 ou US$ 400.000 por novos participantes que buscam uma maneira rápida de se estabelecer.

O apetite dos argentinos por dólares acelera com a desvalorização do peso.

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É mais um indício de como os controles de capitais da Argentina distorcem a vida quotidiana. Enquanto as corretoras estão sobrecarregadas de negócios, os bancos cortam pessoal porque há muito pouco investimento, os agricultores abandonam os campos porque não podem pagar pela irrigação e, ao mesmo tempo, operadores de renda fixa apostam que outro calote de dívida do governo é inevitável.

Mas as corretoras lucram porque oferecem transações complicadas, conhecidas como blue-chip swap, que permitem aos argentinos obterem seus dólares, e esse é um negócio lucrativo.

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“Temos uma moeda que não existe em termos do que uma moeda tem que ter, então qualquer excedente que você tenha em pesos você tem que transformar em dólares”, disse Claudio Porcel, CEO da corretora Balanz.

Sua empresa quadruplicou sua força de trabalho em quatro anos para se tornar a maior corretora da Argentina em número de funcionários e agora possui quase um sexto de todas as contas de corretagem do país. Os ativos sob gestão aumentaram para US$ 4,5 bilhões e a empresa agrega 20.000 novos clientes por mês, o triplo do ritmo de um ano atrás.

Segundo Porcel, muitos grandes fundos desistiram da Argentina após a crise de 2018. “Esta foi uma grande oportunidade para as corretoras”, acrescentou.

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