Bloomberg Línea — O governo paraguaio decidiu suspender a venda de energia para a Argentina devido a uma dívida multimilionária. Em um primeiro momento, especulou-se que a decisão do Paraguai poderia estar ligada a represálias pelos pedágios na hidrovia Paraná-Paraguai, mas o próprio presidente Santiago Peña negou.
“Estamos deixando de vender energia para a Argentina, mas isso não tem nada a ver com a cobrança de pedágios, mas com dívidas que estão atrasadas”, disse ele. A dívida, explicou Peña, chega a “cerca de US$ 150 milhões”.
O presidente fez a declaração numa entrevista à CNN en Español. Quando o entrevistador comentou com Peña que a suspensão “ocorre no contexto” do conflito entre os dois países sobre a hidrovia, Peña respondeu: “é uma coincidência muito ruim para eles, mas responde a uma necessidade da empresa binacional Yaciretá, do lado paraguaio”.
De acordo com Peña, a inadimplência argentina está impedindo a empresa de funcionar adequadamente e, nesse sentido, ele destacou que “eles não estão conseguindo pagar nem mesmo os salários dos funcionários públicos”.
Excedente para o Brasil
“O Paraguai tomou a decisão de parar de vender para a Argentina, consumir localmente e vender o excedente para o Brasil, que está pagando regularmente”, disse Peña.
Peña expressou seu desejo de que o problema fosse resolvido “o mais rápido possível”. E concluiu: “estamos cientes de que a Argentina tem problemas econômicos e políticos, já que está no meio de uma campanha eleitoral, mas temos a responsabilidade de enfrentar nossas realidades”.
Conflito sobre a hidrovia
A relação entre a Argentina e o Paraguai foi prejudicada após a última visita do ministro da Economia argentino, Sergio Massa, ao Paraguai. Após a reunião, o governo argentino anunciou que o pedágio da hidrovia seria mantido, uma decisão que gerou descontentamento entre as autoridades paraguaias, já que na cúpula bilateral havia se falado em uma suspensão.
“Recebemos com surpresa e desagrado o anúncio do Ministério dos Transportes da Argentina de manter o pedágio na Hidrovia Paraguai-Paraná, depois que os ministros Sergio Massa e Diego Giuliano (dos Transportes), em reunião com o presidente Peña, em Assunção, concordaram em suspender a medida”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai em suas redes sociais.
Descontente com a publicação, o ministro dos Transportes da Argentina, Diego Giuliano, respondeu: “lamento que tenha sido distorcido o conteúdo de uma reunião tão proveitosa que Sergio Massa e eu tivemos com o presidente do Paraguai e parte do gabinete, onde acordamos uma metodologia de cooperação para tornar a hidrovia mais competitiva”.
Não só o governo paraguaio ficou indignado com Massa, mas a própria mídia também foi repelida. “Massa veio, mentiu e foi embora”, dizia a manchete do jornal paraguaio La Nación.
Leia também
Quais serão os países mais atraentes para investir na América Latina em 2024?
CEO da Tok&Stok confirma conversas com Mobly e diz que foco é gestão de caixa