Por que Janet Yellen está mais confiante no ‘soft landing’ para os EUA

Secretária do Tesouro disse na volta do G20 que ‘os indicadores de inflação estão em desaceleração’, enquanto algum alívio no mercado de trabalho seria ‘importante e positivo’

Janet Yellen Photographer: Dhiraj Singh/Bloomberg
Por Viktoria Dendrinou
10 de Setembro, 2023 | 07:01 PM

Bloomberg — A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou estar cada vez mais confiante de que o país conseguirá conter a inflação sem causar grandes danos ao mercado de trabalho, elogiando dados que mostram uma desaceleração constante na inflação e uma nova onda de pessoas em busca de emprego.

“Estou me sentindo muito bem com essa previsão”, disse Yellen neste domingo (10) quando questionada sobre suas esperanças anteriores de que os EUA evitariam uma recessão ao mesmo tempo em que controlariam os aumentos de preços ao consumidor - cenário que descreve o “soft landing”, ou “aterrisagem suave”.

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“Acho que podemos dizer que estamos em um caminho que se parece exatamente com isso.”

Em uma entrevista a bordo de sua aeronave de volta de Nova Deli, após participar da cúpula do Grupo dos 20 (G20), a chefe do Tesouro também minimizou qualquer risco proveniente dos esforços da China para aumentar a influência do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “O G-20 continua sendo o principal fórum de cooperação global”, disse ela.

Yellen e o presidente Joe Biden participaram nos últimos dias da reunião do G20 na Índia, que não contou com a presença do presidente chinês, Xi Jinping, em meio a uma série de dados positivos sobre a maior economia do mundo. A inflação está desacelerando em direção a 3% na taxa anual - embora ainda acima da meta de 2% do Federal Reserve - sem qualquer queda nos empregos ou no PIB.

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“Todos os indicadores de inflação estão em desaceleração”, disse Yellen. Ela também destacou que, embora a taxa de desemprego dos EUA tenha aumentado em agosto após atingir os níveis mais baixos em mais de meio século no início deste ano, esse aumento não foi causado por uma grande onda de demissões.

A taxa de desemprego atingiu 3,8% no mês passado, em parte devido a um aumento na taxa de participação na força de trabalho para o nível mais alto desde fevereiro de 2020, exatamente quando a Covid começou a se espalhar.

Ver alguma moderação no mercado de trabalho é “importante e bom”, e “é um claro ponto positivo” que isso esteja acontecendo com mais pessoas em busca de emprego, disse Yellen.

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Os dados representam uma validação, de certa forma, para a secretária do Tesouro, que vem afirmando consistentemente ao longo do último ano que vê um caminho para a inflação atingir a meta de 2% do Fed sem um aumento acentuado do desemprego.

Com outros números mostrando ganhos sustentados nos gastos do consumidor e sinais de estabilização no mercado imobiliário, apesar do aumento nas taxas de juros de hipoteca, os economistas estão abandonando ou adiando suas previsões de recessão.

Por sua vez, economistas do Goldman Sachs (GS) agora veem apenas 15% de chance de os EUA entrarem em recessão, ante 20% anteriormente.

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Os sinais positivos para os EUA contrastam com dados decepcionantes da China que sugerem que a segunda maior economia do mundo pode não atingir a meta de crescimento de 5% de Pequim neste ano.

Yellen reiterou sua opinião de que os formuladores de políticas da China ainda têm margem de manobra se necessário para apoiar a economia. A equipe de Xi tomou uma série de medidas para afrouxar as restrições no mercado imobiliário, mas não adotou pacotes de estímulo amplos para o consumo ou cortes abrangentes nas taxas de juros.

“Acho que eles têm bastante espaço de política se decidirem que é necessário usá-lo”, disse Yellen na entrevista. “Eles fizeram, na minha visão, ajustes relativamente pequenos na política monetária.”

Dados divergentes das duas economias contribuíram para a desvalorização da moeda chinesa em relação ao dólar, com o yuan offshore na semana passada caindo para perto de uma mínima histórica. Isso levou Pequim a adotar uma série de medidas para desacelerar as quedas. Yellen sinalizou que essas medidas são compreensíveis.

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