Bloomberg Línea — O núcleo do índice de inflação mais observado pelas autoridades do Federal Reserve (Fed), o PCE (Índice de Gastos Pessoais), acelerou para 0,3% em setembro, no nível mais alto em quatro meses, enquanto os gastos dos consumidores aumentaram, mantendo a possibilidade de mais um aumento na taxa de juros dos Estados Unidos nos próximos meses.
O núcleo é considerado o indicador mais importante pelo presidente do Fed, Jerome Powell, pois exclui as categorias de preços consideradas mais voláteis de energia e alimentos. Já o índice cheio teve alta de 0,4% no mês passado, em linha com o apresentado em agosto. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (27) pelo departamento de estatísticas dos Estados Unidos.
Estimativa mediana em pesquisa da Bloomberg com economistas era de alta de 0,3% do PCE na comparação mensal em setembro. Já para o núcleo, a expectativa era de 0,3% sobre agosto.
A combinação de um aumento nas pressões de preços e uma demanda doméstica resiliente indo para o quarto trimestre coloca o risco de mais aumentos na taxa de juros do Fed. Embora os economistas em geral esperem que os gastos do consumidor desacelerem nos próximos meses, os funcionários do Fed alertaram que dados fortes podem levá-los a continuar com a política de aperto monetário.
Os futuros do S&P 500 e do Nasdaq, que operavam com ganhos na casa de 0,4% e 0,8%, respectivamente, minutos antes da divulgação, mostraram pouca alteração depois, preservando os ganhos.
Política monetária
O indicador é acompanhado de perto pelo mercado financeiro, que busca solidificar as apostas de que o banco central americano irá pausar o aumento dos juros na próxima semana, quando membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) se reúnem nos dias 31 de outubro e 1º de novembro.
Os contratos de swaps estão projetando uma chance de cerca de um em três de mais um aumento da taxa de juros pelo Fed no atual ciclo de aperto, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Na quinta-feira (26), dados mostraram que a economia dos EUA cresceu no ritmo mais rápido em quase dois anos no último trimestre, impulsionada por um aumento nos gastos dos consumidores.
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu para uma taxa anualizada de 4,9%, mais que o dobro do ritmo do segundo trimestre. Mediana das previsões em pesquisa da Bloomberg com economistas previa uma expansão de 4,5% do PIB no período.
Os investidores têm monitorado de perto o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA, que alcançaram os 5% nesta semana, no maior patamar desde 2007. De acordo com a secretária do Tesouro, Janet Yellen, o aumento nas taxas de juros de longo prazo nos últimos meses é um reflexo de uma economia dos EUA forte, e não do aumento no endividamento do governo impulsionado por um déficit fiscal em expansão.
“Eu não acho que grande parte disso esteja conectada ao déficit orçamentário dos EUA”, disse Yellen em um evento no escritório da Bloomberg em Washington na quinta-feira (26). “Estamos vendo as taxas de juros subirem na maioria dos países avançados”.
- Com informações da Bloomberg News
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