Nobel premia economistas que apontaram o peso de instituições para a prosperidade

Daron Acemoglu e Simon Johnson, do MIT, e James A. Robinson, da Universidade de Chicago, foram reconhecidos pelo trabalho sobre as razões que explicam o sucesso e o fracasso de nações

O Prêmio Nobel de Economia de 2024 é anunciado para Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson (Fonte: Associated Press)
Por Niclas Rolander
14 de Outubro, 2024 | 08:40 AM

Bloomberg — O impacto duradouro dos antigos impérios da Europa sobre o crescimento forma a base da pesquisa de três acadêmicos dos Estados Unidos que dividirão o Prêmio Nobel de Economia de 2024.

Daron Acemoglu e Simon Johnson, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), juntamente com James A. Robinson, foram elogiados por sua análise sobre como a prosperidade pode surgir e a importância das instituições nesse processo.

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A relevância do trabalho deles para os dias de hoje, ao discernir por que alguns países são ricos e outros muito mais pobres, foi destacada pela Academia Real Sueca de Ciências em Estocolmo, cujo prêmio de 11 milhões de coroas (US$ 1,1 milhão) será dividido entre eles.

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"Reduzir as grandes diferenças de renda entre os países é um dos maiores desafios do nosso tempo", disse Jakob Svensson, presidente do Comitê do Prêmio em Ciências Econômicas da academia, em um comunicado na segunda-feira. "Os laureados demonstraram a importância das instituições sociais para alcançar esse objetivo."

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Na descrição do painel, a pesquisa dos três acadêmicos mostrou como o caminho para a prosperidade pode variar em parte devido às estruturas estabelecidas nos países colonizados pelos europeus.

"Em lugares onde os europeus enfrentavam altas taxas de mortalidade, eles não conseguiam se estabelecer e tinham maior probabilidade de criar instituições extrativistas", escreveram os economistas em um artigo conjunto publicado em 2001. "Essas instituições persistiram até o presente."

Dos três vencedores, Johnson é provavelmente mais conhecido por sua passagem pelo FMI. Embora breve - durou apenas de março de 2007 a agosto de 2008 -, coincidiu com o início da crise financeira global.

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Johnson é professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), juntamente com seu colega Acemoglu. Eles são coautores de um livro publicado em 2023 chamado “Poder e Progresso: Uma luta de mil anos entre a tecnologia e a prosperidade”.

“Em termos gerais, o trabalho que fizemos favorece a democracia”, disse Acemoglu por telefone na entrevista coletiva de imprensa após o anúncio do prêmio.

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“Os países que se democratizam a partir de um regime não democrático acabam crescendo, em cerca de 8 a 9 anos, mais rápido do que os regimes não democráticos, e isso é um ganho substancial. Mas a democracia não é uma panaceia. Introduzir a democracia é muito difícil”, disse.

Em uma entrevista à Bloomberg News publicada no início deste mês, Acemoglu colocou em dúvida a chance de a Inteligência Artificial (IA) corresponder ao que se espera dela em termos do investimento realizado, prevendo que “muito dinheiro será desperdiçado”.

Robinson, o terceiro vencedor, é professor da Universidade de Chicago. Ele e Acemoglu são coautores do best-seller “Por que as Nações Fracassam”, um livro publicado pela primeira vez em 2012.

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O prêmio, formalmente conhecido como Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, foi criado em 1968 pelo banco central sueco.

Ele complementa os prêmios anuais por realizações em física, química, medicina, literatura e paz, que foram estabelecidos no testamento de Alfred Nobel - o inventor sueco da dinamite que morreu em 1896.

No ano passado, Claudia Goldin recebeu o prêmio por sua pesquisa sobre as diferenças salariais entre os gêneros e, no ano anterior, o ex-presidente do Federal Reserve Ben Bernanke dividiu o prêmio com Douglas Diamond e Philip Dybvig por sua pesquisa sobre bancos e crises financeiras.

Outros laureados incluem Friedrich Hayek pelo trabalho na teoria do dinheiro e das flutuações econômicas, William Nordhaus pela integração da mudança climática na análise macroeconômica de longo prazo e Paul Krugman por sua análise do comércio mundial.

Os Prêmios Nobel, concedidos desde 1901, são notoriamente desiguais, refletindo como as mulheres foram ofuscadas pelos homens na ciência durante séculos.

Apenas três mulheres receberam o prêmio de economia, o que torna sua lista de laureados a segunda mais dominada pelos homens, depois do prêmio de física.

-- Com a colaboração de Ott Ummelas.

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