Milei vai adotar regime de câmbio flexível após suspender controles de capital

O presidente argentino ainda não definiu um cronograma para a remoção dos controles de capital, um passo importante de seu plano para normalizar as contas externas do país

Presidente argentino quer restringir oferta de pesos para liberar o controle monetário (Foto: Tomas F. Cuesta/Bloomberg)
Por Manuela Tobías
16 de Outubro, 2024 | 05:16 PM

Bloomberg — O presidente da Argentina, Javier Milei, apresentou novos detalhes de sua estratégia cambial na terça-feira (15), um primeiro passo importante e necessário antes que seu governo espere retornar aos mercados de capitais em 2026.

Milei disse que seu governo adotaria uma taxa de câmbio “flexível” para o peso depois de suspender os controles de capital em um momento ainda não determinado.

É o primeiro indício de que o libertário pretende implementar uma política monetária mais ortodoxa depois de desmantelar os controles que herdou após assumir o cargo em dezembro passado.

“Se não houver excesso de oferta de pesos, poderei liberar os controles, mesmo quando não tiver dólares, porque estou indo em direção a uma taxa de câmbio flexível”, disse Milei durante seu discurso principal no encerramento da conferência anual do banco central da Argentina.

PUBLICIDADE

Leia mais: Como a dolarização prometida por Milei tem sido colocada em prática gradualmente

O presidente da Argentina disse anteriormente que ele e sua equipe econômica não haviam decidido se fixariam a taxa de câmbio entre o peso e o dólar americano ou se adotariam uma moeda de livre flutuação.

Milei ainda não definiu um cronograma para a remoção dos controles de capital, conhecidos localmente como cepo. A falta de reservas estrangeiras, que permanecem em território líquido negativo, há muito tempo tem sido um impedimento para a suspensão dos controles devido ao medo da fuga de capitais.

A forma como Milei lidará com o peso após a suspensão dos controles será fundamental para administrar a inflação anual de três dígitos, receber investimentos estrangeiros e avançar com o pagamento de uma dívida de US$ 44 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O ministro da Economia, Luis Caputo, disse anteriormente que a Argentina voltaria aos mercados no início de 2026, fornecendo um prazo para começar a suspender os controles de capital.

A Argentina teve uma taxa de câmbio flutuante entre o final de 2015 e 2019, antes que uma corrida ao peso em meio à volatilidade das eleições obrigasse o governo da época a colocar os controles de volta no lugar. O antecessor de Milei, Alberto Fernandez, apenas acumulou mais controles e restrições.

Além de se livrar do excesso monetário do país, o presidente disse que a inflação argentina tinha que convergir para o que ele chama de inflação induzida. Anteriormente, ele listou a inflação internacional, a desvalorização de 2% da moeda indexada e os controles de capital como fatores determinantes do fenômeno.

PUBLICIDADE

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Prestes a completar 18 anos, Kindle ganha tela com cores em aposta da Amazon

A Era da Eletricidade: por que o mundo caminha para futuro com preços menores

Para a LVMH, demanda mais fraca da China mostra que o pior não ficou para trás