Bloomberg — A Argentina anunciou na quarta-feira (5) que deixará a Organização Mundial da Saúde, em movimento do presidente Javier Milei em busca de alinhamento de suas políticas com as de Donald Trump nos EUA.
O porta-voz do governo, Manuel Adorni, citou “diferenças profundas” entre o governo de Milei e a OMS em relação à política de saúde, incluindo as recomendações durante a pandemia de Covid-19. O jornal argentino La Nación foi o primeiro a noticiar a decisão, observando que Milei assinaria um decreto para oficializar a mudança.
"Os argentinos não vão permitir que organizações internacionais intervenham em nossa soberania, e muito menos em nossa saúde", disse Adorni a repórteres no palácio presidencial em Buenos Aires.
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A medida reflete a saída dos EUA da OMS no mês passado. A organização é responsável por ajudar a coordenar a resposta às ameaças globais à saúde, incluindo os atuais surtos de ebola e varíola. Ela fornece orientação aos países sobre questões de saúde, com funcionários trabalhando em todo o mundo.
Os Estados Unidos são os principais doadores da OMS, e sua saída planejada deixará um buraco enorme em finanças já limitadas. Os Estados Unidos acusaram a OMS de ter cedido demais ao governo chinês nos primeiros dias do surto de coronavírus.
A OMS também questionou o que alega serem pagamentos injustamente onerosos. A saída foi amplamente criticada por cientistas e especialistas em saúde global, que temem que isso deixe os EUA e o resto do mundo menos preparados para crises de saúde.
É improvável que a saída da Argentina da OMS tenha impacto sobre a instituição, pois o país contribuiu apenas com US$ 8,3 milhões no período de 2024-25, uma fração minúscula dos mais de US$ 6,9 bilhões que a organização espera arrecadar de doadores e membros. Mas isso deixará a Argentina sem acesso às principais reuniões e dados que a OMS compartilha com os países membros sobre doenças e saúde pública.
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Assim como Trump, as tensões entre o governo de Milei e as autoridades da OMS já haviam se acendido quando os líderes argentinos declararam que não iriam aderir a um acordo que estava sendo negociado entre os países da OMS sobre como responder a pandemias. O tratado visa garantir que todos os países do mundo estejam mais bem preparados para futuras crises de saúde, como a pandemia de Covid-19.
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