Bloomberg — O presidente da Argentina, Javier Milei, se reunirá com a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) na Itália nesta sexta-feira (14), em busca da renegociação das condições do acordo com o país.
As conversas do líder argentino com a managing director Kristalina Georgieva, à margem da cúpula do Grupo dos Sete (G7), ocorrerão um dia depois da votação do conselho executivo do Fundo sobre a última revisão do programa de socorro de US$ 43 bilhões à nação sul-americana.
O governo de Milei disse na quarta-feira (12) que estava encerrando a sua política de taxas de juros reais negativas nos leilões do Tesouro, uma estratégia implementada durante os primeiros seis meses da administração para tentar domar a inflação anual de três dígitos. As taxas reais positivas do banco central são uma exigência fundamental do organismo multilateral com sede em Washington.
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O Ministro da Economia, Luis Caputo, elogiou um leilão de dívida soberana na quarta que apresentou uma taxa de juros de 4,25% sobre as notas do Tesouro de 90 dias. Com a expectativa de que a inflação mensal de maio fique abaixo de 5%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (13), Caputo declarou vitória. “A era das taxas reais negativas terminou para nós hoje”, disse ele em um evento em Buenos Aires.
A taxa de empréstimo de referência do banco central argentino, no entanto, está em 40% - abaixo dos 133% quando Milei assumiu o cargo em dezembro de 2023, com outro corte previsto para esta semana.
A inflação anual chega a quase 300%, portanto, resta saber se o Fundo concordará com o argumento do governo de que as taxas reais agora são positivas.
Milei quer iniciar as negociações sobre um novo programa com o FMI em uma tentativa de acumular reservas suficientes para suspender uma rede de controles cambiais que, em sua avaliação, impede os investimentos na Argentina. O presidente estimou que seriam necessários cerca de US$ 15 bilhões, embora tenha indicado que nem todo esse valor precisaria vir do FMI.
As negociações com o FMI podem levar algum tempo, disse Caputo na terça-feira (11), em um evento do Cato Institute, recusando-se a especificar quanto tempo ou quanto dinheiro a Argentina solicitaria.
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A votação do conselho do FMI nesta quinta liberaria cerca de US$ 800 milhões para o pagamento da dívida. De acordo com a última revisão, o banco central da Argentina anunciou que renovou uma parte de cerca de US$ 5 bilhões de sua linha de swap de moeda com o Banco Popular da China por mais dois anos.
Enquanto estiver na Itália, Milei também manterá conversas bilaterais com Emmanuel Macron. Originalmente, ele havia planejado se encontrar com o presidente francês em Paris após a reunião de cúpula do G7, mas mudou de planos, citando seu pacote de reformas em tramitação no Senado argentino, controlado pela oposição.
O líder argentino fará um discurso no G7 sobre o tema da inteligência artificial, anunciou o porta-voz Manuel Adorni por mensagem de texto na quarta-feira.
Milei também deve se encontrar com a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, que, como anfitriã da cúpula, fez o convite, bem como com o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga.
Milei viajará no sábado (15) para a Suíça, onde participará de uma conferência sobre a guerra na Ucrânia e terá uma reunião bilateral com o presidente Volodymyr Zelenskiy.
Seu governo aprovou o chamado projeto de lei geral e o pacote fiscal que o acompanha em uma votação geral com uma margem muito pequena na noite de quarta-feira, com derrota em alguns pontos.
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