Milei ganha popularidade com sinais de recuperação econômica na Argentina

Presidente completa um ano no poder neste mês e vê sua aprovação subir enquanto a inflação cai; população se diz otimista também em relação à vitória de Donald Trump nos EUA

A aprovação dos argentinos em relação ao  governo subiu para cerca de 47% em novembro, em comparação com 43% no mês anterior (Foto: Milan Jaros/Bloomberg)
Por Manuela Tobias
04 de Dezembro, 2024 | 01:36 PM

Bloomberg — O índice de aprovação do presidente da Argentina, Javier Milei, se recuperou no último mês, enquanto a economia mostrou sinais de recuperação, e a inflação esfriou para seu ponto mais baixo em quase três anos.

A aprovação dos argentinos em relação ao governo subiu para cerca de 47% em novembro, em comparação com 43% no mês anterior, de acordo com a LatAm Pulse, uma pesquisa realizada pela AtlasIntel para a Bloomberg News.

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A pesquisa, publicada na quarta-feira (4) traz boas notícias para Milei no momento em que ele termina seu primeiro ano no cargo, e mostra que os argentinos que aprovam sua administração superam os que reprovam

Nos últimos meses, os principais indicadores econômicos melhoraram no país, e a vitória de Donald Trump nos EUA aumentou a esperança da Argentina de receber ajuda internacional.

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  (Fonte: Bloomberg)

No início de outubro, a popularidade de Milei havia sido abalada por um protesto nacional em massa contra seus cortes de gastos nas universidades públicas, um ponto de orgulho na segunda maior economia da América do Sul.

Boas notícias econômicas

Uma série de vitórias econômicas parece ter revertido o sentimento, embora o apoio entre os graduados universitários continue mais baixo.

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“O índice de aprovação do presidente tem sido altamente sensível a conflitos com setores específicos, especialmente as universidades, que demonstraram uma forte capacidade de mobilização”, disse Juan Cruz Diaz, diretor administrativo do Cefeidas, uma empresa de consultoria internacional. “A recuperação de sua aprovação pode ser atribuída à consolidação dos principais indicadores econômicos.”

A economia argentina vem dando alguns sinais de que está saindo da recessão causada pela austeridade. Os dados mensais de atividade registraram crescimento em julho e agosto, seguido de uma pequena contração em setembro.

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Os salários têm superado a inflação de forma consistente desde abril e os preços ao consumidor aumentaram 2,7% em outubro em relação ao mês anterior, em comparação com 25,5% em dezembro.

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Em toda a América Latina, os argentinos estão entre os mais otimistas em relação à vitória de Trump, segundo a pesquisa. Quase metade dos entrevistados disse que espera que a situação econômica da Argentina melhore com a volta do republicano à Casa Branca.

Milei, um forte apoiador do presidente eleito, espera fechar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional para substituir o atual empréstimo de US$ 44 bilhões da instituição sediada em Washington, e o apoio dos EUA é fundamental.

Lula em queda

A pesquisa realizada pela AtlasIntel para a Bloomberg News revelou também que a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em queda, apesar da resiliência da economia. Dado chama a atenção para os riscos que a inflação e as próprias políticas de gastos do seu governo representam para o futuro do seu mandato.

A aprovação de Lula caiu mais de 3,5 pontos percentuais para 47,1%, em novembro, em relação ao mês anterior, de acordo com a LatAm Pulse. Aproximadamente a mesma parcela de brasileiros, de 47,3%, disse que não aprovava o presidente, o que significa que sua aprovação líquida caiu 5 pontos em relação a outubro.

O Brasil, que tem a maior economia da América Latina, voltou a crescer além das expectativas no terceiro trimestre, em um contexto de forte demanda doméstica, desemprego em níveis recorde e aumento dos salários.

Os brasileiros estão, no entanto, cada vez mais pessimistas: 47% deles acham que a economia está ruim contra 29% que dizem que está boa, uma diferença que aumentou em 8 pontos. E o percentual daqueles que acham que a economia vai piorar nos próximos seis meses atingiu 43% contra 34% que acham que vai melhorar, uma reversão acentuada em relação a outubro.

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