O presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu seu aliado de longa data, Nicolás Maduro, que o futuro econômico da Venezuela depende de uma eleição limpa que garanta a legitimidade do governo perante a comunidade internacional.
Seis dias antes da disputada votação que tem o candidato da oposição Edmundo Gonzalez como desafiante do atual presidente, o líder brasileiro expressou preocupação com os recentes comentários de Maduro sobre um iminente “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso aqueles que ele descreveu como “fascistas” chegassem ao poder.
“Quem perde uma eleição recebe um choque de realidade, não um banho de sangue”, disse Lula nesta segunda-feira (22) em uma entrevista à imprensa estrangeira em Brasília.
“O Maduro precisa aprender: quando o senhor ganha, o senhor fica; quando o senhor perde, o senhor vai embora e se prepara para disputar outra eleição.”
Leia mais: Maduro aumenta salário mínimo da Venezuela em 30% antes das eleições
Lula disse que enviará Celso Amorim, seu principal assessor na área de relações exteriores, para acompanhar a votação na Venezuela, juntamente com alguns representantes do principal tribunal eleitoral do Brasil.
A comunidade internacional criticou Maduro por ter impedido a maioria dos candidatos da oposição de concorrer na votação de 28 de julho, incluindo a candidata que liderava a oposição, Maria Corina Machado, que agora apoia Gonzalez. Uma eleição limpa é uma condição para que os Estados Unidos retirem as sanções contra a indústria petrolífera venezuelana.
Em resposta a perguntas de jornalistas sobre os comentários de Lula, o chefe de campanha de Maduro e presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodriguez, garantiu que o governo respeitará o resultado da eleição. "Como podemos não respeitar os resultados se vamos ganhar?"
As acusações de fraude e interferência do governo têm prejudicado as eleições venezuelanas há anos, portanto, todos os olhos, tanto dentro quanto fora do país, estarão atentos à transparência e à justiça da votação.
A Venezuela retirou o convite da União Europeia para observar a votação. O Centro Carter e as Nações Unidas vão enviar alguns especialistas eleitorais - não observadores - com responsabilidades muito limitadas.
Com pouca supervisão internacional, uma rede de cidadãos afirma ter organizado voluntários suficientes para ajudar a observar a contagem nas cerca de 30.000 mesas de votação do país, em um esforço para reduzir o risco de adulteração dos votos. Ao mesmo tempo, alegações anteriores de fraude eleitoral não surtiram efeito.
Leia mais: Sem pressa: Lula diz que ainda vai decidir nome de novo presidente do BC
EUA e China
Questionado sobre a decisão de Joe Biden de se retirar da corrida presidencial, Lula adotou um tom diplomático, dizendo que manterá relações "civilizadas" com quem quer que vença a votação de novembro, seja Donald Trump ou um democrata.
Em particular, as autoridades do governo brasileiro expressaram preocupação com uma possível vitória de Trump, que impulsionaria candidatos de direita em toda a América Latina.
Lula também falou sobre seus planos de expandir a parceria do Brasil com a China, que já é seu principal parceiro comercial.
“Queremos discutir com os chineses uma nova parceria estratégica que inclua não apenas a exportação de commodities mas também ciência e tecnologia com a produção de chips semicondutores e software”, disse. “Queremos uma parceria que torne nossa relação maior, mais próspera e capaz de criar empregos no Brasil e na China.”
-- Com a colaboração de Andreina Itriago Acosta.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também
TSE declara ex-presidente Bolsonaro inelegível até 2030 por abuso de poder
Bolsonaro é alvo de operação da PF por suposto envolvimento em tentativa de golpe
©2024 Bloomberg L.P.