De Trump e Putin a Lula, líderes globais lamentam a morte do Papa Francisco

Políticos de diferentes países destacaram o papel do pontífice em conflitos globais importantes e a defesa dos mais pobres e marginalizados; presidente brasileiro decretou luto oficial de sete dias

Políticos de diferentes países destacaram o papel do pontífice em questões globais importante, como o combate à pobreza (Foto: Alessia Pierdomenico/Bloomberg )
Por Donato Paolo Mancini
21 de Abril, 2025 | 02:21 PM

Bloomberg — Líderes globais prestaram homenagem e procuraram se associar ao legado do falecido Papa Francisco, ao destacar seu papel em conflitos globais importantes em um momento de tensões geopolíticas elevadas.

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, um aliado importante na tentativa de Donald Trump de romper a ordem global, mencionou uma homilia feita pelo falecido papa em 2020, quando ele pediu às pessoas que mantivessem a fé em seu líder em meio à “tempestade”.

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JD Vance se reuniu com o Papa Francisco neste domingo (20), no último encontro com uma liderança política antes de sua morte.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou nesta segunda-feira (21) luto oficial de sete dias em homenagem ao papa Francisco.

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O presidente destacou o legado do pontífice argentino e lamentou a perda de uma “voz de respeito e acolhimento ao próximo”.

“Assim como ensinado na oração de São Francisco de Assis, o Papa buscou de forma incansável levar o amor onde existia o ódio. A união, onde havia a discórdia”, disse Lula.

O presidente brasileiro desejou consolo aos que sofrem com a perda do líder religioso. “O Santo Padre se vai, mas suas mensagens seguirão gravadas em nossos corações”, disse.

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O primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez, que entrou em conflito com a liderança mais conservadora da Igreja em Madri, destacou o compromisso do papa com a justiça social.

O primeiro-ministro de centro-esquerda do Reino Unido, Keir Starmer, disse que Francisco foi um “papa para os pobres”.

O Papa Francisco, 88 anos, morreu em Roma na manhã de segunda-feira (21). Ele ficou hospitalizado há cerca de cinco semanas com pneumonia grave e deixou o hospital em março.

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A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, uma aliada de longa data do falecido pontífice, disse que a notícia a entristeceu profundamente, chamando-o de “grande homem e grande pastor”.

Meloni fez história no ano passado quando convidou Francisco para a cúpula do Grupo dos Sete (G7) no sul da Itália, onde ele alertou sobre os perigos da inteligência artificial não regulamentada.

“Tive o privilégio de desfrutar de sua amizade, seus conselhos e seus ensinamentos, que nunca cessaram, mesmo em momentos de dificuldade e sofrimento”, disse Meloni em um comunicado, referindo-se a seus ensinamentos como uma forma de buscar a paz e construir uma “sociedade mais justa e mais igualitária”.

Trump comentou sobre o papa na segunda-feira, dizendo “Descanse em paz, Papa Francisco!” em um post na plataforma Truth Social.

Em uma postagem no X, Vance disse que ficou “feliz em vê-lo ontem, embora ele estivesse obviamente muito doente”.

O vice-presidente dos EUA disse que se lembrava da homilia feita pelo Papa Francisco durante as primeiras semanas da pandemia de Covid.

“Nós nos encontramos com medo e perdidos”, disse o papa na época. “Como os discípulos do Evangelho, fomos pegos de surpresa por uma tempestade inesperada e turbulenta.”

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No início deste ano, o Papa Francisco criticou as políticas migratórias do governo Trump, que incluem deportações forçadas.

Vance respondeu às críticas elogiando o papa, mas dizendo que manteria seus pontos de vista. No sábado (19), autoridades do Vaticano se reuniram com o vice-presidente dos EUA, tendo uma “troca de opiniões” sobre uma série de assuntos - incluindo imigrantes.

Volodymyr Zelenskiy, presidente da Ucrânia, disse em um post no X que o Papa Francisco “sabia como dar esperança, aliviar o sofrimento por meio da oração e promover a unidade. Ele orou pela paz na Ucrânia e pelos ucranianos”.

O presidente russo Vladimir Putin também expressou condolências, dizendo que o papa promoveu ativamente o diálogo entre as igrejas ortodoxa russa e católica romana, “bem como a cooperação construtiva entre a Rússia e a Santa Sé”, de acordo com uma declaração do Kremlin.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, disse que o Papa Francisco “será sempre lembrado como um farol de compaixão, humildade e coragem espiritual por milhões de pessoas em todo o mundo”, de acordo com uma postagem no X.

“Lembro-me com carinho de meus encontros com ele e fui muito inspirado por seu compromisso com o desenvolvimento inclusivo e abrangente.”

O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, transmitiu suas condolências ao Vaticano e enviará um enviado especial para participar do funeral do papa, informou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.

Taiwan continuará a aprofundar a amizade de longa data com a Santa Sé, disse o ministério, acrescentando que o papa nomeou muitos bispos de Taiwan. A China reivindica Taiwan como seu território.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o legado do papa continuará a fornecer orientação para “um mundo mais justo, pacífico e compassivo”.

Starmer, do Reino Unido, chamou a liderança do papa de “frequentemente corajosa” e observou como ela “sempre veio de um lugar de profunda humildade”. Starmer disse na postagem no X que “o Papa Francisco foi um papa para os pobres, os oprimidos e os esquecidos”.

O presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., disse que sua nação se junta à comunidade católica em todo o mundo para lamentar a perda do Papa Francisco.

“O melhor papa da minha vida, no que me diz respeito”, disse o presidente Marcos à margem de uma reunião na segunda-feira, de acordo com uma declaração emitida pelo Gabinete de Comunicações Presidenciais.

Quase 80% da população filipina é católica, com base na última pesquisa da agência de estatísticas em 2020.

O primeiro-ministro espanhol Sanchez disse em um post no X que o compromisso do falecido papa com a paz e a justiça social deixa um “profundo legado”.

-- Com a claboração de Daniel Basteiro, Dayana Mustak, Akriti Sharma, Nasreen Seria, Miaojung Lin, Andrey Biryukov, Olesia Safronova e Ditas Lopez.

- Com informações da Agência Brasil.

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