Kamala reconhece a derrota, mas diz a apoiadores que a luta por ideais continua

Vice-presidente disse que parabenizou Trump pela vitória e se comprometeu a ajudar em uma transição pacífica do poder nos próximos dois meses até a posse

A vice-presidente Kamala Harris discursa na Howard University em Washington DC e reconhece a derrota para Donald Trump (Foto: Victor J. Blue/Bloomberg)
Por Akayla Gardner - Skylar Woodhouse
06 de Novembro, 2024 | 07:44 PM

Bloomberg — A vice-presidente Kamala Harris pediu a seus apoiadores que aceitassem a derrota eleitoral para o presidente eleito Donald Trump, mas os incentivou a continuar lutando pelos ideais que defendeu em sua campanha ao reconhecer publicamente a derrota nas eleições presidenciais de 2024.

“Eu sei que as pessoas estão sentindo e experimentando uma variedade de emoções agora. Eu entendo. Mas devemos aceitar os resultados desta eleição”, disse Harris no fim da tarde desta quarta-feira (6), na Howard University, em Washington.

Foi sua primeira declaração pública desde que Trump confirmou sua vitória, em uma mais surpreendentes reviravoltas - na visão de especialistas e historiadores - da história dos EUA.

“Hoje cedo, falei com o presidente eleito Trump e o parabenizei pela vitória”, acrescentou.

PUBLICIDADE

Leia mais: Retorno de Trump à Casa Branca lança dúvidas sobre atuação e futuro do Fed

“Também disse que ajudaremos a ele e à sua equipe na transição e que participaremos de uma transferência pacífica de poder.”

Harris afirmou que, embora tenha reconhecido a derrota “nesta eleição, não desistirá da luta que alimentou esta campanha.”

“O resultado desta eleição não é o que queríamos”, disse ela. “Não foi pelo que lutamos nem pelo que votamos, mas ouçam o que digo: a chama da promessa da América continuará brilhando enquanto nunca desistirmos e continuarmos a lutar.”

Biden liga para Trump

O presidente Joe Biden também expressou seu compromisso com uma transição tranquila e com o trabalho conjunto para unir o país em uma ligação telefônica para Trump, de acordo com a Casa Branca.

Biden convidou Trump para uma reunião na Casa Branca em breve. Ele também ligou para Harris para parabenizá-la pela campanha histórica. Biden “vai se dirigir à nação para discutir os resultados eleitorais e a transição” na quinta-feira (7), informou a Casa Branca.

O discurso de Harris atraiu várias figuras democratas proeminentes, incluindo o presidente do Comitê Nacional Democrata, Jaime Harrison, e a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi, e inicia um período de recriminações e auto-reflexão para o partido após uma derrota eleitoral não esperada.

PUBLICIDADE

Leia mais: Resultados das eleições americanas ampliam pressão sobre o Brasil, diz Mansueto

A eleição de Trump como o 47º presidente dos Estados Unidos foi marcada por sua vitória em estados decisivos e pela retomada do controle do Senado pelo Partido Republicano, em uma disputa que as pesquisas indicavam como extremamente acirrada.

O controle da Câmara dos Representantes ainda não foi determinado, com várias disputas ainda muito apertadas, mas as esperanças democratas de retomar a maioria estão diminuindo.

Como vice-presidente, Harris supervisionará a certificação da vitória eleitoral de Trump pelo Congresso em janeiro — um processo que, no começo de 2021, viu uma multidão de apoiadores de Trump atacar o Capitólio dos EUA para interromper os procedimentos após a vitória de Biden.

Harris fez seu argumento final aos eleitores na semana passada a partir do Ellipse, perto da Casa Branca, o mesmo local onde Trump se dirigiu a seus apoiadores antes da insurreição de 6 de janeiro de 2021.

A derrota eleitoral para Harris encerra uma campanha turbulenta para a primeira mulher vice-presidente do país, que buscava fazer história ao se tornar a primeira mulher presidente dos EUA.

Harris fez campanha por apenas 107 dias - tendo sido forçada a intensificar sua operação de campanha após a decisão de Biden de sair da corrida por questões de saúde e apoiá-la.

Leia mais: Trump é eleito presidente dos EUA com vantagem ampla e maioria no Senado

A candidata democrata, apesar de fazer parte do governo em exercício, pediu aos eleitores que virassem a página. No entanto não conseguiu escapar do amplo descontentamento dos eleitores com Biden - principalmente devido à inflação elevada e ao aumento de imigrantes na fronteira EUA-México.

Trump aproveitou essas preocupações dos eleitores em uma das disputas mais polarizadas da história — uma corrida sem precedentes que o viu sobreviver a duas tentativas de assassinato e desafios legais, incluindo se tornar o primeiro ex-presidente dos EUA condenado por um crime.

O presidente eleito, no entanto, superou seu desempenho em várias regiões e entre grupos-chave de eleitores, como hispânicos, em comparação com sua campanha derrotada de 2020 para Biden, o que coroou um retorno político impressionante.

Harris focou intensamente em mobilizar eleitoras, prometendo trabalhar para restaurar os direitos federais ao aborto após a decisão da Suprema Corte dos EUA de 2023 de derrubar Roe v. Wade, mas não conseguiu melhorar o desempenho de Biden entre as mulheres.

Veja mais em Bloomberg.com