Itália recua e limita imposto sobre lucros extraordinários do setor bancário

Em uma tentativa de amenizar a queda que eliminou US$ 10 bilhões do valor de mercado dos bancos, o governo introduziu um teto para limitar o impacto da medida.

| Giorgia Meloni, primera ministra de Italia
Por Alessandra Migliaccio - Sonia Sirletti
09 de Agosto, 2023 | 06:46 AM

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Bloomberg — O governo italiano recuou em parte de seu novo imposto sobre os lucros extraodinários dos bancos, dizendo que introduzirá um teto para limitar o impacto para muitos credores, em uma tentativa de suavizar um declínio nas bolsas que eliminou US$ 10 bilhões do valor de mercado dos bancos.

A taxa não deverá exceder 0,1% dos ativos, e os bancos que já aumentaram as taxas de juros oferecidas aos depositantes “não sofrerão um impacto significativo como resultado da regra”, informou o Ministério das Finanças na terça-feira.

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As ações despencaram após o anúncio surpresa do vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, na segunda-feira, de um imposto de 40% sobre os lucros extraordinários dos credores.

As ações do setor bancário italiano reverteram algumas das perdas na manhã de quarta-feira, com as ações do UniCredit SpA subindo 4% e as do Intesa Sanpaolo SpA ganhando 3,2% às 10h25 em Milão. O índice FTSE Italia All-Share Banks subia 3,6%. O índice do setor continua a perder quase 3,3% na semana. No geral, os bancos italianos recuperaram 3,8 bilhões de euros (US$ 4,2 bilhões).

O Ministro das Finanças, Giancarlo Giorgetti, e sua equipe passaram todo o dia de terça-feira trabalhando nos detalhes da medida e tentando mitigar o impacto da medida de Salvini, de acordo com uma pessoa familiarizada com as discussões.

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Salvini criticou os “lucros extras” dos bancos com os aumentos das taxas de juros do Banco Central Europeu, apelando para sua base populista como líder do partido anti-imigração Liga, um dos principais membros da coalizão de direita de Giorgia Meloni.

Ele falou em uma coletiva de imprensa na qual Giorgetti se destacou por sua ausência. O que é incomum, já que Salvini disse que a regra foi proposta por Giorgetti e que seu ministério cuidaria dos detalhes técnicos. Meloni também não compareceu à coletiva de imprensa, nem comentou sobre o imposto, que seu partido de direita, Irmão da Itália, defendeu com veemência.

Esclarecimentos sobre o novo imposto não são suficientes para apagar as perdas deste mês

Esclarecimentos do ministério

Imediatamente após a reação negativa dos mercados na terça-feira, o Ministério da Economia tentou aliviar essas preocupações. Primeiro, enviou uma declaração explicando que o imposto tributará a diferença entre a receita líquida de juros em 2022 e 2021 acima de um ganho de 5%, ou entre 2023 e 2021 acima de um ganho de 10%. Uma minuta anterior vista

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Posteriormente, outra declaração do Ministério explicou o limite de 0,1%. O governo não especificou a medida usada para o limite, mas se fosse baseada nos ativos globais de bancos como o Unicredit e o Intesa, a taxa poderia ser de cerca de US$ 1 bilhão. Se aplicada somente aos ativos italianos, seria de várias centenas de milhões de euros.

A ideia por trás do anúncio de Salvini era usar o dinheiro extra para financiar as famílias atingidas pela crise do custo de vida, incluindo cortes de impostos e subsídios para hipotecas para proprietários de primeira viagem. No entanto, a regra terá que passar pelo parlamento, onde poderá sofrer outras alterações. Ela também poderá ser contestada nos tribunais, assim como uma medida semelhante na Espanha.

O limite para os ativos totais dos bancos “reduz bastante o impacto do imposto”, disse Marco Nicolai, analista da Jefferies. O impacto sobre o índice Common Equity Tier 1 dos bancos, uma medida fundamental da solidez financeira, é, em média, reduzido pela metade em comparação com um cenário sem o limite, acrescentou.

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Karim Cellier, gerente de portfólio da LMR Partners LLP, observou que “ainda parece haver alguma confusão sobre se esse limite se aplicaria ao total de ativos dos bancos, ao total de ativos italianos ou até mesmo aos seus ativos ponderados pelo risco”. “Precisamos de clareza, pois esses são elementos fundamentais para entender o impacto sobre bancos como o UniCredit, que tem uma forte presença no exterior.”

--Colaboraram Chiara Albanese, Tommaso Ebhardt, Jerrold Colten, Blaise Robinson, Chiara Remondini e Michael Msika

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