Itália envia refugiados em busca de asilo para a Albânia para processo de aprovação

Acordo entre os dois países, criticado pela Anistia Internacional, prevê que solicitantes como aqueles resgatados no mar aguardem pela aprovação fora do território italiano

Candidatos à imigração para a Itália ficarão em um centro construído na Albânia enquanto aguardam a liberação para entrar no país
Por Gresa Kraja
16 de Outubro, 2024 | 11:44 AM

Bloomberg — Uma embarcação da marinha italiana entregou o primeiro grupo de solicitantes de asilo à Albânia, como parte de um acordo controverso que aumenta os riscos que envolvem a forma como os estados-membros da União Europeia lidam com a imigração.

O grupo de migrantes resgatados no mar chegou na madrugada de quarta-feira (16) ao porto de Shengjin, onde será processado em solo albanês pelas autoridades italianas para obter status de asilo na Itália, de acordo com as autoridades portuárias locais.

O esforço para empurrar o processo para fora do território italiano foi criticado por grupos de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional.

Leia mais: No debate sobre imigração, professor de Wharton aponta benefício amplo à economia

PUBLICIDADE

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, elogiou o acordo como um modelo em potencial para os estados-membros da UE, na medida em que ela busca reprimir a migração irregular, uma questão que tem polarizado a região.

Neste mês, a Polônia anunciou abruptamente a suspensão dos direitos de asilo, enquanto a Alemanha impôs restrições nas fronteiras.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o bloco avaliaria o acordo entre a Itália e a Albânia como uma opção em potencial, uma vez que os líderes da UE se reunirão em Bruxelas nesta semana para uma cúpula, em que Meloni convocará uma reunião informal para pressionar por medidas mais duras de imigração.

As instalações na Albânia não estão completas.

Leia mais: Canadá e Reino Unido apertam regras de imigração e põem alunos estrangeiros em xeque

Enquanto um centro de recepção na cidade costeira de Shengjin está pronto, um centro habitacional em um vilarejo no interior continua em construção. De acordo com o acordo, até 36.000 migrantes passarão pelo processo por ano em território albanês, sendo entrevistados por funcionários italianos.

O primeiro-ministro albanês, Edi Rama, que selou o acordo com Meloni, procurou atribuir a responsabilidade pelo sistema a Roma, dizendo que os migrantes não têm permissão para deixar as instalações.

PUBLICIDADE

“A construção e o gerenciamento desses centros não têm absolutamente nada a ver com o governo albanês. Não é nossa responsabilidade”, disse ele ao jornal italiano La Repubblica.

O governo italiano disse que mulheres e crianças não serão enviadas para a Albânia.

A Anistia Internacional disse que o acordo corre o risco de colocar em risco os direitos daqueles que buscam asilo, enquanto a oposição em Tirana ridicularizou o projeto como “Guantânamo da Albânia”, referindo-se à base naval dos EUA na costa da Baía de Guantánamo, em Cuba.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Remessas crescem na América Latina e criam nova perspectiva para economias locais

©2024 Bloomberg L.P.