Israel intensifica ataques aéreos na Síria após queda de Bashar Al-Assad

País atingiu centenas de alvos no início da terça-feira pouco mais de um dia depois que grupos rebeldes derrubaram o governo do líder de longa data no vizinho

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Bloomberg — Israel intensificou seus ataques a instalações militares na Síria, e atingiu centenas de alvos nesta terça-feira (10).

Os ataques visaram armazéns e depósitos de armas em várias partes da Síria, incluindo a capital Damasco, o que eleva o total de ataques aéreos israelenses nos últimos dois dias para pelo menos 310, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido.

A Rádio do Exército de Israel, citou um oficial de defesa não identificado, e descreveu o ataque de terça-feira como um dos maiores ataques na história da força aérea. A televisão da Síria também relatou ataques aéreos israelenses contra Damasco e seus subúrbios em duas ocasiões distintas no início da terça-feira.

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Israel tomou uma zona ao longo de sua fronteira com a Síria, uma área que, segundo o exército, tem cerca de 155 milhas quadradas, pouco mais de um dia depois que grupos rebeldes derrubaram o governo de Bashar Al-Assad. Israel também disse ter atacado armas químicas sírias e locais de armazenamento de mísseis.

O observatório, que vem monitorando a guerra na Síria por meio de uma rede de pessoas em campo, disse que tanques israelenses foram vistos nos subúrbios do sudoeste de Damasco, a cerca de 30 quilômetros da capital.

As Forças de Defesa de Israel estão posicionadas na zona de amortecimento, bem como em pontos próximos à fronteira com a Síria, disse o porta-voz Avichay Adraee em um post no X.

Ele também disse que os relatos que circulam em alguns meios de comunicação que afirmam que as tropas israelenses estavam “avançando ou se aproximando de Damasco são completamente incorretos”.

A tomada da zona tampão por Israel e seus ataques contínuos atraíram a ira dos países árabes, incluindo o Egito e a Arábia Saudita. Em um comunicado, o reino disse que o ataque de Israel demonstrou "determinação em sabotar as chances da Síria de restaurar sua segurança, estabilidade e integridade territorial".

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O Egito também chegou a acusar Israel de tentar "ocupar mais território sírio".

Israel é cauteloso com os grupos de oposição que derrubaram o governo de Assad. Os rebeldes são liderados pelo Hayat Tahrir Al-Sham, um grupo islâmico que originalmente era afiliado à Al-Qaeda.

O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estava formalmente em estado de guerra com Assad, cujo governo manteve relativa calma nessa fronteira, apesar de algumas violações no ano passado.

Mas o surgimento de uma nova base de poder islâmica nas proximidades acrescenta uma ameaça adicional após mais de um ano de luta contra grupos militantes apoiados pelo Irã em Gaza e no Líbano.

Israel tomou as Colinas de Golã da Síria no final da Guerra dos Seis Dias de 1967 e, alguns anos depois, as anexou. Naquela época, as tropas da ONU foram posicionadas em uma zona tampão para manter o cessar-fogo.

O chefe do HTS, Ahmed Al-Sharaa, busca mudar a imagem de seu grupo de radical para uma oposição unificada capaz de governar a Síria de forma inclusiva.

Em uma entrevista à CNN na semana passada, ele disse que “ninguém tem o direito de apagar outro grupo”, em resposta a uma pergunta sobre ataques anteriores a grupos minoritários.

O HTS é considerado uma organização terrorista pelos EUA e por muitos outros países.

Em uma declaração no fim de semana, o então governo da oposição procurou garantir à comunidade internacional que não usaria armas químicas armazenadas na Síria.

"Não temos nenhuma intenção ou desejo de usar armas químicas ou quaisquer armas de destruição em massa sob nenhuma circunstância", disse a oposição.

-- Com a colaboração de Dan Williams.

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