Investimentos desaceleram na China e pressionam autoridades por novos estímulos

Os novos dados da economia chinesa de US$ 17 trilhões divulgados nesta quinta-feira (15) apontam para uma perda geral de dinamismo e sinais de deterioração

A pedestrian along a bridge passes buildings in Pudong's Lujiazui Financial District in Shanghai, China, on Tuesday, Jan. 9, 2024. China's stock market suffers from a lack of positive drivers as the new year begins, and Beijing's support efforts are likely to keep falling flat amid persistent risks. Photographer: Qilai Shen/Bloomberg
Por Bloomberg News
15 de Agosto, 2024 | 12:34 PM

Bloomberg — A estagnação econômica da China se estendeu para o terceiro trimestre, atraindo novamente atenção para a necessidade de mais estímulos fiscais, à medida que a demanda doméstica enfraquece em meio a uma prolongada crise imobiliária.

Uma desaceleração inesperada do investimento em ativos fixos para 3,6% nos primeiros sete meses do ano foi um dos principais destaques dos dados divulgados nesta quinta-feira (15).

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As vendas no varejo superaram as expectativas, em grande parte devido a uma alta sazonal – impulsionando o mercado acionário chinês –, embora tenham permanecido muito abaixo do crescimento pré-pandemia. A produção industrial, por sua vez, mostrou leve desaceleração, mesmo ainda superando o consumo.

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Os novos dados da economia chinesa de US$ 17 trilhões apontam para uma perda geral de dinamismo e sinais de deterioração, à medida que consumidores e empresas se tornam cada vez mais pessimistas.

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Os recentes esforços do governo – incluindo cortes de juros – para estimular o consumo e o investimento causaram pouco impacto, enquanto a segunda maior economia do mundo continua a depender da manufatura para impulsionar o crescimento.

Gráfico: crescimento da China desacelera

“O ‘momentum’ da economia desacelerou”, disse Ding Shuang, economista-chefe para a Grande China e Norte da Ásia do Standard Chartered. “Isso trouxe mais desafios para a meta de alcançar cerca de 5% de crescimento neste ano, e autoridades também verão isso”.

Embora os números tenham ficado “em linha com as expectativas”, os mercados podem estar um pouco aliviados com a possibilidade dos primeiros sinais de estabilização nas vendas no varejo e nos preços dos imóveis, que foram os pontos fracos nos últimos meses, disse Marvin Chen, estrategista da Bloomberg Intelligence.

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O governo do presidente Xi Jinping tem como alvo uma expansão de cerca de 5% neste ano, enquanto autoridades tentam solucionar o desaquecimento pós-pandemia. Para que esse objetivo seja alcançado, economistas recomendam ao governo que acelere os gastos em infraestrutura e outros programas para reativar a demanda.

O apoio fiscal à economia tem sido fraco neste ano, já que o governo de Pequim evita injetar um grande estímulo. Os gastos públicos encolheram no primeiro semestre, enquanto autoridades têm levantado fundos para projetos de infraestrutura por meio de vendas de títulos, mas em ritmo lento até recentemente.

Gráfico:

A crise do setor imobiliário mostra poucos sinais de reversão, mesmo que o ritmo da queda tenha se estabilizado. Os preços dos imóveis caíram a uma taxa inalterada na base mensal, mas diminuíram no maior ritmo na base anual. As construções de novos imóveis continuaram a mostrar retração de cerca de 20% em relação ao ano anterior.

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O investimento total cresceu 1,9% em julho na comparação anual, pior do que o ganho de 3,7% do mês anterior, de acordo com cálculos do Goldman Sachs (GS).

O receio sobre uma contínua queda da confiança e dos preços aumentou após a China divulgar a primeira retração de empréstimos para a economia real em quase duas décadas.

Esse dado reacendeu o debate sobre se a China poderia cair no mesmo tipo de estagnação de décadas na qual o Japão mergulhou a partir do início de 1990, ou repetir sua “recessão de balanço patrimonial”, à medida que famílias e empresas se concentram em quitar dívidas e param de gastar na economia.

“Acreditamos que a economia enfrenta uma ameaça significativa das expectativas de deflação autorrealizáveis”, segundo Serena Zhou, economista sênior da China na Mizuho Securities Asia. “A prioridade do governo deve ser quebrar essa espiral descendente no início com medidas mais assertivas.”

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