Bloomberg Línea — A inflação de alimentos tornou-se uma preocupação global e o fenômeno El Niño pode gerar pressões adicionais nos custos. No entanto, com a chegada do Natal, os lares na América Latina e no Caribe preferiram deixar para trás essas preocupações, e, independentemente do orçamento, se prepararam para comemorar.
A pressão de preços fez com que os lares tivessem que destinar inevitavelmente mais do seu orçamento para a ceia de Natal, embora o custo dos alimentos tenha começado a diminuir globalmente.
“A América Latina enfrentou altas taxas de inflação em muitos países. A inflação afeta diretamente o custo de vida, incluindo os preços dos alimentos. Isso significa que, em comparação com anos anteriores, o custo da ceia de Natal pode ter aumentado consideravelmente”, afirmou o economista da WIT Invest, Rodney Ribeiro, em entrevista à Bloomberg Línea.
O índice de referência dos preços internacionais de alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) registrou uma média de 120,4 pontos em novembro passado, permanecendo no mesmo nível de outubro.
A FAO indica que o índice ficou 14,4 pontos ou 10,7% abaixo do nível alcançado no mesmo período de 2022. O aumento nos preços dos óleos vegetais, produtos lácteos e açúcar compensou a diminuição nos cereais e na carne, de acordo com a entidade.
Segundo dados atualizados do serviço de transferências financeiras WorldRemit, o custo médio da comida no Natal por família é mais alto em países como Canadá (US$ 1.717), Alemanha (US$ 1.653), Estados Unidos (US$ 1.205), Austrália (US$ 1.188), França (US$ 1.142), Reino Unido (US$ 1.042) e Itália (US$ 842). Por outro lado, em um país africano como Uganda, as famílias destinam apenas US$ 64.
Em comparação com 2022, o gasto de cada família nessas festividades aumentará até 24%, em média, entre os 24 mercados analisados, incluindo México, Colômbia, Guatemala e República Dominicana.
Globalmente, os países que mais aumentarão os gastos são Nigéria (23,71%), República Dominicana (22,25%), Zimbábue (19,38%), Espanha (12,69%) e Austrália (10,69%). Na América Latina, o gasto pode aumentar mais na Colômbia (+4,08%) e na Guatemala (+3,49%), devido à chamada inflação natalina, enquanto no México pode diminuir 11,14%.
No México, o custo médio total da comida no Natal é de US$ 1.055, na Guatemala é de US$ 325, na República Dominicana é de US$ 208 e na Colômbia, de US$ 198.
Em relação ao Brasil, Ribeiro citou uma pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), que mostra que os itens da cesta de Natal serão 8,22% mais caros em 2023 em comparação com 2022.
“Em outra análise, podemos ver que o preço do lombo e do pernil de porco subiu em média 15%, enquanto o peru subiu cerca de 13%. Outros itens que encareceram devido à importação são os azeites de oliva e os vinhos espumantes”, detalhou Ribeiro.
De acordo com o relatório Consumer Insights Latam 2023, elaborado pela consultoria Kantar, houve uma recuperação do poder de compra no terceiro trimestre, refletindo um melhor ambiente econômico e menor inflação na América Latina.
Diante desse contexto, a Bloomberg Línea compilou preços dos produtos mais emblemáticos para a ceia de Natal na América Latina, que foram retirados dos principais estabelecimentos de referência em cada mercado, com o objetivo de estimar o custo desses produtos em 2023 em dólares.
Confira a seguir o custo da ceia de Natal em alguns países:
Argentina:
- Quilo de peru: de ARS$ 4.900 a ARS$ 5.900 (US$ 5 a US$ 6 na taxa de câmbio paralela);
- Champagne (preço médio por litro): ARS$ 5.700 (US$ 5,80 na taxa de câmbio paralela);
- Panettone: de ARS$ 2.000 a ARS$ 3.500 (US$ 2 a US$ 3,50 na taxa de câmbio paralela);
- Pionono: de ARS$ 5.000 a ARS$ 6.000 (US$ 5,10 a US$ 6,10 na taxa de câmbio paralela);
- Total: US$ 17,9 na taxa de câmbio paralela e considerando o valor mais baixo por tipo de produto.
México:
- Peru recheado sem osso por quilo: MX$ 390,00/kg ou US$ 22,90;
- Bacalhau à vizcaína: MX$$ 950,00/kg ou US$ 55,90;
- Salada de maçã preparada: de MX$ 159,00/kg (cerca de US$ 9,3) a MX$ 290,00/kg (cerca de US$ 17);
- Massa com creme: MX$ 159,00/kg ou US$ 9,30;
- Sidra rosa (700 ml): MX$ 89,00 ou US$ 5,20;
- Total: US$ 102,6 considerando o valor mais baixo por tipo de produto.
Brasil:
- Peru natural (4,5 kg): R$ 119,16 ou US$ 24,40;
- Panetone (450 g): R$ 26,99 ou US$ 5,50;
- Salpicão de Natal (arroz, massa, nozes e passas): R$ 56,90 por kg ou US$ 11,70;
- Farofa salgada (kg): R$ 45 ou US$ 9,20;
- Garrafa de vinho tinto (750 ml): a partir de R$ 19,90 ou US$ 4,10;
- Total: US$: 54,90.
Chile:
- Peru inteiro congelado 7 kg: CLP$ 31.430 ou US$ 35,20;
- Garrafa de vinho tinto: a partir de CLP$ 5.300 ou US$ 5,90;
- Batatas duchesse (1 kg): CLP$ 3.590 ou US$ 4,020;
- Pêssegos em conserva (820 g): CLP$ 2.350 ou US$ 2,60;
- Panetone (pão de páscoa de 700 g): CLP$ 3.990 ou US$ 4,40;
- Total: US$ 52,12.
Colômbia:
- Tamal tolimense (400 g ou unidade): de COP$ 9.000 (cerca de US$ 2,30) a COP$ 11.000 (cerca de US$2,80);
- Caixa de natilla (espécie de pudim ou creme doce) para preparar em casa (300 g): COP$ 6.800 ou US$ 1,70 (sem contar os outros ingredientes) / Natilla de arequipe já pronta para quatro pessoas: COP$ 16.000 ou US$ 4,09;
- Mistura de buñuelos (variedade de doces fritos) (600 g): COP$ 13.900 ou US$ 3,50 (sem contar os outros ingredientes) / Ou 30 minibuñuelos já prontos para consumir em casa: COP$ 15.000 ou US$ 3,80;
- Garrafa de vinho tinto (750 ml): COP$ 35.100 ou US$ 8,90;
- Peru inteiro marinado (7 kg): US$ 156.000 ou US$ 39,90;
- Total: US$ 66,70 (contando tamales para quatro pessoas) e considerando os produtos já prontos como natilla e buñuelos (bolinhos fritos tradicionais do país).
*O cálculo é apenas uma referência retirada dos diferentes países e não tem a intenção de ser de forma alguma um ranking. A taxa de câmbio de referência do dólar é a de sexta-feira, 22 de dezembro. Os preços podem variar de acordo com a cidade e a plataforma de compra.
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