Inflação de 15.000% na Argentina? Veja a reação de 5 economistas ao discurso de Milei

Novo presidente da Argentina alertou em sua posse sobre o risco de uma inflação anual sem precedentes na Argentina

Por

Bloomberg Línea — Javier Milei afirmou neste domingo, em seu discurso de posse como presidente da Nação, que o estado deverá reduzir em cinco pontos percentuais o déficit fiscal consolidado, estimado em 15 pontos do PIB, incluindo os passivos remunerados do Banco Central (BCRA). O novo presidente acrescentou que, em caso de o governo não conseguir efetivamente equilibrar as contas públicas, haveria o risco de uma hiperinflação de 15.000%.

Vale lembrar que os analistas consultados mensalmente pelo banco central estimaram em outubro uma inflação anual de 185% para 2023, enquanto projetaram uma alta de preços em 12 meses de 156,4% para o próximo ano. Esses números já eram alarmantes e haviam gerado preocupação entre os especialistas, mas a declaração de Milei sobre o risco de uma aceleração para níveis inéditos surpreendeu alguns analistas consultados pela Bloomberg Línea.

Alguns analistas atribuíram a cifra à necessidade política de alertar sobre as graves consequências de não corrigir o rumo do déficit, mais do que a uma intenção de transmitir uma estimativa concreta.

Sebastián Menescaldi, da EcoGo

Sebastián Menescaldi, da EcoGo, destacou a complexidade da situação monetária deixada pelo Banco Central, chamando-a de uma “bomba” que precisa ser desativada. Ele mencionou a possibilidade de uma queda brutal na demanda por dinheiro e uma inflação muito elevada nos primeiros três meses para corrigir os preços relativos e a falta de dólares.

Francisco Mattig, da Consultatio

Francisco Mattig, da Consultatio, considerou difícil corroborar o cálculo de Milei, alertando para o risco real de uma quadruplicação da base monetária em pouco tempo, mas enfatizando a dificuldade de estabelecer o nível de inflação resultante dessa expansão.

Gabriel Caamaño, da Ledesma

Gabriel Caamaño, da Ledesma, destacou a natureza política do discurso de Milei, considerando-o mais uma enunciação de princípios e um ancoramento de expectativas do que uma comunicação detalhada de uma estratégia econômica.

Salvador Vitelli, do Romano Group

Salvador Vitelli, do Romano Group, sugeriu que os números mencionados por Milei eram relativamente altos, buscando dar dimensão ao desequilíbrio nos preços relativos, mas não necessariamente indicavam uma trajetória inevitável para esses níveis de hiperinflação.

Nery Perischini, da GMA

Nery Perischini, da GMA, expressou surpresa com a estimativa de Milei, condicionando sua percepção à informação que seria fornecida pelo ministro da Economia, Luis Caputo, na segunda-feira.

A incerteza sobre os detalhes do plano econômico de Milei persiste, e, como sugerido pelos analistas, a atenção agora se volta para as ações concretas que o ministro da Economia, Luis Caputo, tomará para lidar com a inflação, o atraso cambial e a dívida pública. A economia argentina está em uma encruzilhada, e a capacidade do governo de implementar medidas eficazes determinará se a ameaça de hiperinflação se concretizará ou se uma grande crise econômica sem precedentes será evitada.

Leia também

Governo Milei começa com primeiras negociações dentro da Casa Rosada

Rali no mercado dos EUA tem semana decisiva, com inflação e Fed na agenda