Guerra da Rússia contra a Ucrânia entra em nova fase com escalada de ameaças

Entrada da Coreia do Norte ao lado dos russos, ataque da Ucrânia com mísseis dos EUA e ameaça de uso de armas nucleares por Vladimir Putin levam investidores a reduzir o apetite ao risco

La asociación estratégica integral que Putin firmó con el líder norcoreano Kim Jong Un en junio compromete a ambas partes a ayudarse mutuamente si una de ellas es atacada. La Cámara Baja del Parlamento ruso ratificó el acuerdo el mes pasado, el mismo día en que Putin evitó responder si ya había tropas norcoreanas en el país.

Ucrania, Estados Unidos y Corea del Sur han informado de que unos 10.000 soldados norcoreanos se encuentran en la región rusa de Kursk, donde las fuerzas ucranianas ocupan parte del territorio fronterizo. Ucrania dijo el lunes que sus tropas se habían enfrentado por primera vez a soldados norcoreanos, tras el despliegue que los aliados de Kiev en la OTAN han calificado de escalada bélica del Kremlin.

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Kim prometió «apoyar incondicionalmente» a Rusia en su invasión de Ucrania durante la primera visita de Putin a Pyongyang en 24 años. El Presidente de Estados Unidos, Joe Biden, dijo la semana pasada que Ucrania debería atacar a las fuerzas norcoreanas si entran en el país para luchar.
Por Alan Crawford
19 de Novembro, 2024 | 01:38 PM

Bloomberg — A guerra de Vladimir Putin contra a Ucrânia está se intensificando após meses de atritos sangrentos.

À medida que o conflito entrou em seu milésimo dia, a Ucrânia aproveitou suas capacidades de mísseis de longo alcance recém-concedidas pelos Estados Unidos para atacar uma base militar em território russo.

Moscou, que alertou contra tal ação, intensificou sua ameaça de uma resposta nuclear a ataques convencionais.

Os dois acontecimentos, ocorridos na manhã desta terça-feira (19), abalaram os investidores que há muito tempo não se preocupam com a rotina diária dessa guerra, o que provocou uma corrida para ativos considerados mais seguros.

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Na realidade, a recente chegada de tropas norte-coreanas para apoiar as forças russas no campo de batalha já havia aumentado a aposta de Putin.

Leia mais: Putin assina decreto que amplia casos de uso de armas nucleares pela Rússia

A perspectiva do retorno de Donald Trump à Casa Branca em janeiro e sua promessa de acabar com a guerra em curto prazo criaram um novo senso de urgência para a Ucrânia e seus aliados.

O presidente Volodymyr Zelenskiy tem implorado por mais armas para fortalecer sua mão, o governo de Joe Biden tem enviado a Kiev o máximo de ajuda possível antes de deixar o cargo, e Olaf Scholz, líder da Alemanha, ligou para Putin na semana passada para sondá-lo sobre as negociações.

O líder russo não demonstrou interesse em fazer concessões, informou Scholz.

“A situação atual oferece a Putin uma tentação significativa de escalar [os ataques]”, disse Tatyana Stanovaya, membro sênior do Carnegie Russia Eurasia Center, em um post no X.

Tal movimento permitiria que Putin e Trump culpassem Joe Biden pelo conflito em espiral e serviria como premissa para conversas diretas, disse a especialista.

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“Isso marca uma conjuntura extraordinariamente perigosa”, acrescentou ela, já que Putin pode estar em uma tentativa de convencer os líderes ocidentais de que eles têm que escolher entre um conflito nuclear ou um acordo nos termos da Rússia.

A notícia dos ataques ucranianos com a ameaça nuclear russa fez com que os investidores corressem para alguns dos ativos mais seguros do mundo.

O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos caiu até sete pontos-base, enquanto a taxa dos títulos alemães equivalentes recuou 11 pontos-base. Os movimentos também se espalharam para o mercado de moedas, elevando as cotações do iene japonês e do franco suíço.

Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional disse que os EUA não veem motivos para ajustar sua postura nuclear em resposta à decisão da Rússia de reduzir o limite para o uso de armas atômicas.

A decisão russa não foi uma surpresa e está de acordo com a retórica observada desde a invasão da Ucrânia, disse o porta-voz.

Uma unidade de artilharia ucraniana em uma posição de linha de frente na região de Donetsk em novembro (Foto: Diego Fedele/Getty Images)

O ataque ocorreu quando Biden e Scholz estavam reunidos com outros líderes do G20 em uma cúpula no Rio de Janeiro, onde as manobras sobre a guerra da Rússia têm sido um dos principais pontos de discórdia.

O anfitrião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, tentou encerrar os debates sobre os conflitos na Ucrânia e em Gaza para se concentrar nas mudanças climáticas e no combate à pobreza. Mas sua gestão considerada pesada e, às vezes, caótica da reunião deixou outros líderes mal-humorados.

Para aumentar a sensação de desconforto, dois cabos de dados submarinos foram danificados no Báltico na segunda-feira (18), perto do enclave russo de Kalingrado.

Os governos da região relataram repetidamente ataques cibernéticos, desinformação e incursões de jatos russos e alertaram que estarão sob ameaça se Putin garantir uma vitória na Ucrânia.

"Algo está acontecendo lá", disse o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius.

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Entrada da Coreia do Norte

As origens dos acontecimentos desta semana podem ser rastreadas até a intervenção de Pyongyang no teatro de guerra no mês passado, uma ação que desafiou os avisos de Washington.

Essa foi a mudança que persuadiu Biden a abandonar sua oposição de longa data aos ataques de longo alcance contra a Rússia com os Sistemas de Mísseis Táticos do Exército de fabricação americana, conhecidos como ATACMS.

A mobilização de tropas norte-coreanas em combate levou a situação a “outro nível”, disse Oleksandr Polishchuk, embaixador da Ucrânia na Índia, em uma entrevista em Nova Délhi na segunda-feira.

O primeiro ataque da Ucrânia com esses mísseis atingiu um depósito de munição na região de Bryansk, na fronteira ocidental com a Rússia, de acordo com relatos locais ucranianos confirmados posteriormente pelo Ministério da Defesa da Rússia.

Os russos informaram que derrubaram cinco dos seis mísseis lançados e que não houve vítimas. Nem o Estado-Maior da Ucrânia nem o Ministério da Defesa comentaram quais mísseis foram usados.

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Reação de Putin e ameaça nuclear

No final do dia, Putin assinou um decreto que expande a doutrina nuclear da Rússia, segundo a qual Moscou poderia considerar o uso de armas atômicas, disse seu porta-voz Dmitry Peskov.

De acordo com as diretrizes revisadas, o Kremlin poderia usar armas nucleares em resposta a um ataque em seu solo por Kiev com armas ocidentais convencionais. A Rússia também considerará um ataque de um Estado não nuclear que seja apoiado por uma potência nuclear como um ataque conjunto.

“Esse é o modo de agir típico de Putin - escalar [as tensões] antes das negociações”, disse Timothy Ash, estrategista sênior de moeda estrangeira da RBC BlueBay Asset Management, em um blog.

“Putin está presumindo que terá que se sentar e conversar sobre a paz com Trump em algum momento nos próximos meses.”

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, dirigindo-se ao Parlamento Europeu em Bruxelas, pediu aos governos que não "temam fazer ainda mais" para ajudar a defesa de Kiev contra a Rússia.

Zelenskiy não mencionou o uso do ATACMS, embora tenha dado uma aparente indireta ao chanceler alemão Olaf Scholz, que se recusou a seguir o exemplo de Biden e enviar os mísseis de longo alcance da Alemanha para Kiev - e irritou Zelenskiy com sua aproximação com Putin.

Scholz enfrenta uma eleição antecipada em fevereiro após o colapso de sua coalizão tripartite.

"Enquanto alguns líderes europeus pensam em eleições, Putin está concentrado em vencer essa guerra", disse Zelenskiy.

- Com a colaboração de Andrea Dudik, Marton Kasnyik, Alice Gledhill, Piotr Skolimowski e Thomas Hall.

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