Governo Trump estuda reduzir tarifas sobre o setor automotivo, segundo fontes

Medida pouparia automóveis e autopeças já sujeitos a tarifas de enfrentarem encargos adicionais das importações de aço e alumínio, de acordo com pessoas ouvidas pela Bloomberg News

US Factory
Por Maya Averbuch - Eric Martin - Joshua Wingrove - Keith Laing
24 de Abril, 2025 | 02:33 PM

Bloomberg — O governo dos Estados Unidos considera a redução de certas tarifas direcionadas à indústria automobilística que, segundo executivos das montadoras, representariam um golpe para os lucros e os empregos.

Uma medida pouparia automóveis e autopeças já sujeitos a tarifas de enfrentarem encargos adicionais vindos das importações de aço e alumínio, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News. Isso eliminaria o chamado “acúmulo” de tarifas.

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Outra opção em estudo isentaria totalmente as peças automotivas que cumprem o pacto comercial EUA-México-Canadá, conhecido como USMCA, disseram algumas das fontes.

Esses componentes não enfrentam tarifas atualmente, mas o governo planejava tributar a parte não-americana dessas peças do Canadá e do México.

Isentar totalmente essas peças seria abandonar essa abordagem, o que representaria um desafio logístico potencialmente hercúleo.

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O Financial Times noticiou anteriormente que o governo do presidente americano Donald Trump considera reduzir as tarifas sobre autopeças — e que também poderia isentar as autopeças compradas da China de uma tarifa de 20% aplicada ao país devido a uma disputa sobre o fentanil.

As propostas e opções continuam em análise e o presidente Trump não as aprovou, alertaram as fontes, que pediram anonimato ao discutir o assunto porque ele não é público.

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As políticas tarifárias de Trump costumam mudar rapidamente, ressaltando a fluidez das deliberações políticas. Contudo, as discussões sinalizam que a administração considera maneiras de restringir o escopo das tarifas que afetam a indústria automobilística.

Se adotadas, as mudanças representariam um alívio significativo para as montadoras, que já haviam alertado sobre as consequências devastadoras das tarifas de Trump, incluindo preços mais altos de veículos, cortes de produção e potenciais perdas de empregos.

A indústria depende de cadeias de suprimentos profundamente integradas que abrangem a América do Norte para os veículos vendidos nos Estados Unidos.

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Trump aplicou tarifas separadamente sobre produtos do Canadá e do México, embora tenha isentado produtos em conformidade com o USMCA.

As tarifas sobre automóveis e autopeças, no entanto, ameaçavam desorganizar fortemente a cadeia de suprimentos continental integrada.

O plano dos EUA, como inicialmente anunciado, oferecia uma espécie de concessão ao tarifar apenas a parte não-americana de veículos comercializados sob o USMCA e adiar uma possível tarifa sobre peças comercializadas sob esse pacto.

A Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário na noite de quarta-feira (23).

No Salão Oval, na quarta-feira, Trump foi questionado se considerava mudanças nas tarifas automotivas e ele indicou que não — ao mesmo tempo em que sugeriu que poderia até aumentar as tarifas sobre o setor automotivo canadense.

“Não, não estamos considerando isso agora, mas em algum momento pode subir”, disse Trump. “Porque, novamente, não queremos que o Canadá fabrique carros para nós. Para ser franco, queremos fabricar nossos próprios carros, e agora estamos preparados para isso.”

As montadoras de Detroit vêm pressionando o governo há semanas para excluir certos componentes automotivos de baixo custo das tarifas planejadas.

Representantes das empresas disseram ao governo que encargos amplos sobre peças aumentariam os custos e gerariam alertas de lucro e demissões que contrariariam o objetivo de Trump de reconstruir a indústria dos Estados Unidos. O presidente planeja viajar para Michigan na próxima semana.

Espera-se que as montadoras arquem com grande parte do peso das tarifas, pelo menos inicialmente, com as margens de lucro de muitos fabricantes de autopeças já apertadas.

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