Governo argentino amplia faixa de pessoas isentas de IR às vésperas de eleição

Quem ganha menos de 1,7 milhão de pesos (US$ 4.860) por mês não terá que pagar imposto de renda a partir de outubro, ante um teto de cerca de 700 mil pesos na regra atual

Sergio Massa
Por Patrick Gillespie - Manuela Tobías
12 de Setembro, 2023 | 05:00 PM

Bloomberg — O governo da Argentina isentará milhões de trabalhadores do imposto de renda, em uma tentativa do ministro da Economia, Sergio Massa, de melhorar suas chances nas eleições presidenciais, mas que arrisca aprofundar o rombo fiscal do país.

Quem ganha menos de 1,7 milhão de pesos (US$ 4.860) por mês não terá que pagar imposto de renda a partir de outubro, ante um teto de cerca de 700 mil pesos na regra atual, anunciou Massa na segunda-feira (11) em Buenos Aires.

A mudança, portanto, amplia o teto da faixa de isenção em mais de 100%. Com a medida, apenas 90.000 executivos em todo o país terão de pagar imposto, disse ele. O número é menos de 1% do total de trabalhadores registrados.

Massa luta para tentar obter votos suficientes nas eleições presidenciais de 22 de outubro para pelo menos conquistar a chance de ir para segundo turno, em novembro, depois que sua coalizão peronista terminou em terceiro lugar na votação primária do país no mês passado, enquanto o outsider Javier Milei surpreendeu ao sair na frente.

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As primárias argentinas não só definem os candidatos oficiais de cada partido mas também dão uma prévia das intenções de voto em um país onde as pesquisas de opinião têm pouca credibilidade.

O ministro se reuniu com alguns dos maiores líderes sindicais do país na segunda-feira para apresentar a medida e fez o anúncio durante um comício no centro de Buenos Aires.

“Os trabalhadores não pagarão mais impostos sobre seus salários”, disse o ministro candidato.

Com a inflação acima de 110%, o governo peronista do presidente Alberto Fernández tomou diversas medidas que elevaram os gastos nos últimos meses para tentar conter o impacto da alta de preços e da queda de popularidade, incluindo aumentos salariais para funcionários públicos e benefícios maiores para aposentados.

Juntas, as medidas vão contra o recente acordo da Argentina com o Fundo Monetário Internacional sobre o programa de ajuda de US$ 44 bilhões, que visa cortar despesas para reduzir o déficit fiscal. A Argentina financia estas despesas do governo em parte através da impressão de dinheiro, uma estratégia que por sua vez alimenta a inflação.

Sem dólares e sem acesso ao mercado internacional de dívida, o banco central já transferiu ao governo quase 1,7 trilhão de pesos neste ano para pagar as contas — o volume mais elevado desde os gastos com a pandemia em 2020, segundo dados oficiais.

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