Bloomberg — O ex-deputado americano nascido no Brasil George Santos, que já foi uma estrela republicana em ascensão e alegou falsamente ter trabalhado para o Goldman Sachs antes de concorrer ao Congresso, foi condenado a sete anos e três meses de prisão por desviar fundos de campanha.
Santos, 36 anos, foi condenado na sexta-feira (25) em Central Islip, Nova York, pela juíza distrital dos EUA Joanna Seybert, que chamou seus crimes de “roubo flagrante”.
A pena de 87 meses de prisão corresponde a uma recomendação dos promotores federais. Um advogado de Santos pediu dois anos. A juíza disse a Santos para se entregar à custódia federal até 25 de julho.
O ex-legislador, que enxugou as lágrimas ao receber a sentença, esteve no Congresso por menos de um ano. Ele foi expulso depois que uma investigação de ética da Câmara dos EUA comprovou as alegações de roubo e fraude. Inicialmente, os promotores acusaram Santos de 23 acusações de fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e desvio de fundos públicos. Em agosto, ele se declarou culpado de duas acusações de fraude eletrônica e roubo de identidade poucas semanas antes de seu julgamento.
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Como parte de seu acordo, Santos confessou ter participado de uma ampla gama de condutas, incluindo a apresentação de relatórios falsos à Comissão Eleitoral Federal, desvio de fundos de campanha, cobrança de cartões de crédito sem autorização e obtenção fraudulenta de benefícios de desemprego.
O promotor Ryan Harris disse que a investigação do governo concluiu que Santos se envolveu em cinco fraudes separadas ao mesmo tempo, e que algumas das vítimas das quais ele roubou dinheiro eram deficientes ou idosos.
‘Fraudador’
“Ele chegou a um dos cargos mais altos do país em uma onda de mentiras”, disse Harris ao juiz. “Sua campanha para o Congresso não o transformou em um fraudador. Ela simplesmente o revelou pelo que ele já era.”
O promotor também disse que Santos não se arrependeu e se recusou a assumir a responsabilidade por seus crimes em comentários que publicou nas redes sociais.
“Onde está o seu remorso?” Seybert disse ao ex-legislador na audiência de sexta-feira. “Sr. Santos, as palavras têm consequências. O senhor foi eleito por suas palavras, que eram mentiras. Que se dane a verdade”.
Os advogados de Santos pediram uma pena mínima obrigatória de 24 meses, argumentando que seus crimes não foram violentos. Eles também pediram que ele fosse colocado em uma prisão federal no nordeste dos EUA, onde poderia receber tratamento de saúde mental.
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Antes de ser sentenciado, Santos pediu misericórdia ao juiz. “Apresento minhas mais profundas desculpas”, disse ele. “Peço ao tribunal que me deixe provar que ainda posso contribuir positivamente para a comunidade que prejudiquei.”
Em uma carta de três páginas ao juiz, Santos argumentou que outros receberam penas de prisão menores por seus crimes, incluindo o ex-congressista de Illinois Jesse Jackson Jr., que foi condenado a 30 meses de prisão por fraude de campanha. Santos também argumentou que os promotores procuraram injustamente limitar sua liberdade de expressão nas redes sociais.
‘Bigorna na minha cabeça’
“Dizer que sinto muito não exige que eu fique sentado em silêncio enquanto esses promotores tentam jogar uma bigorna na minha cabeça”, escreveu Santos em uma carta de 19 de abril. “Se eu fosse a mente criminosa que eles retratam, eu seria o mais desastrado da memória moderna: deixaria um rastro de capturas de tela apontando diretamente para mim mesmo.”
Na época em que se declarou culpado, o ex-congressista, que mentiu sobre ter trabalhado na Goldman Sachs e no Citigroup, também concordou em pagar uma restituição de quase US$ 374.000 e está sujeito a uma ordem de confisco de mais de US$ 205.000.
Mas os promotores disseram que Santos não fez nenhum pagamento dentro do prazo determinado pelo tribunal, apesar de ter recebido mais de US$ 400.000 vendendo vídeos personalizados no Cameo. Na sexta-feira, o juiz ordenou que Santos pagasse mais de US$ 373.000 em restituição às suas vítimas “com vencimento imediato”.
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A breve carreira política de Santos começou a desandar depois de revelações de que ele havia mentido sobre seu currículo e grande parte de sua história de vida ao se apresentar aos eleitores do 3º distrito congressional de Nova York, uma série de comunidades-dormitório no Queens e no condado de Nassau, em Long Island, que está entre os distritos mais ricos dos EUA.
Em uma acusação de 2023, os promotores disseram que ele solicitou contribuições para uma empresa de fachada que operava como um super-PAC ilegal e roubou as informações pessoais e financeiras dos contribuintes de sua campanha. Os promotores também disseram que ele solicitou benefícios de desemprego aos quais não tinha direito e não divulgou adequadamente as fontes de renda.
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