Bloomberg — A economia global tem uma crescente chance de conseguir um pouso suave, afirmaram os chefes de finanças dos maiores PIBs do mundo em um rascunho do comunicado final da reunião ministerial do G20 que ocorre nesta semana em São Paulo, citando a desinflação mais rápida do que o esperado como um dos riscos.
“Observamos que a probabilidade de um pouso suave na economia global aumentou”, disse o rascunho do comunicado do G20, que reúne 20 das maiores economias do mundo, datado de 23 de fevereiro, visto pela Bloomberg News. “Os riscos para as perspectivas econômicas globais estão mais equilibrados. Os riscos positivos incluem uma desinflação mais rápida do que o esperado.”
O texto não é final e a redação está sujeita a negociações em São Paulo, antes da chegada dos ministros das finanças nesta quarta-feira (28). A reunião do G20 já foi marcada por divisões acentuadas, especialmente em relação às guerras na Ucrânia e em Gaza, que agitam a política global. O texto preliminar se refere a “conflitos em muitas regiões do mundo” entre os desafios, sem nomeá-los, bem como “tensões geoecômicas”.
A declaração reflete uma visão relativamente otimista de uma economia global que tem lutado nos últimos anos para superar o impacto da pandemia, da inflação disparada e do aumento acentuado das taxas de juros.
“A inflação recuou na maioria das economias, em grande parte devido a políticas monetárias apropriadas, ao alívio dos gargalos nas cadeias de suprimentos” e à moderação dos preços das commodities”, disse o rascunho do G20.
Perspectiva melhor para os EUA
O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou no mês passado sua previsão de crescimento econômico global em 2024 para 3,1%, citando uma expansão nos EUA melhor do que o esperado e apoio fiscal da China.
Em uma coletiva de imprensa em São Paulo na terça-feira (27), a secretária do Tesouro, Janet Yellen, enfatizou o papel dos EUA, dizendo que “o caminho da América para um pouso suave tem fundamentado o crescimento global”.
Yellen reconheceu riscos para as perspectivas, incluindo conflitos prolongados na Ucrânia e no Oriente Médio, que elevaram os preços das commodities e interromperam as cadeias de suprimentos, e problemas de dívida que assolam as nações de baixa renda.
Ela observou que “a inflação tem diminuído em muitos países”, sem sugerir que cortes nas taxas de juros agora seriam apropriados.
É na linguagem para descrever conflitos militares como a invasão da Rússia na Ucrânia, que também afetou as economias em todo o mundo, que os funcionários do G20 têm enfrentado dificuldades.
O grupo inclui Rússia e China, além dos EUA e aliados ocidentais. Uma sessão preliminar na segunda-feira (26) viu um dia de discussões sobre como se referir aos efeitos econômicos e aos riscos da guerra.
Espera-se que os ministros tentem isolar alguns dos tópicos controversos para impedir que eles dominem outros assuntos.
O Brasil, que sedia a sessão no prédio da Bienal de São Paulo em meio a uma exuberante área verde do Parque do Ibirapuera, promove uma agenda que inclui pobreza, desenvolvimento sustentável e reforma das instituições globais.
Não está claro quanto dessa agenda será abordada na reunião em meio a todas as divisões. O comunicado final é geralmente onde os ministros delineiam sua visão consensual da economia mundial e dos desafios futuros.
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