Bloomberg — A França avalia cobrar taxas sobre pequenos pacotes de varejistas de descontos, incluindo as chinesas Temu e Shein, já que o fluxo de produtos baratos ameaça se acelerar em resposta às tarifas abrangentes dos EUA.
A medida paliativa proposta para impor taxas de manuseio a essas importações viria antes de uma revisão europeia mais ampla das taxas alfandegárias, que deverá entrar em vigor em 2028, disse a Ministra do Orçamento, Amelie de Montchalin, durante uma visita a um centro de triagem de pacotes perto do aeroporto Charles de Gaulle de Paris na terça-feira (29).
“Hoje não é 2028, então a França está propondo taxas fixas de manuseio já em 2026”, disse ela. “Não é um imposto sobre os consumidores - é para fazer com que essas plataformas contribuam mais para as verificações que devemos fazer para a segurança.”
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O esforço da França para enfrentar a onda de produtos chineses baratos ocorre no momento em que as tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre pequenas encomendas aumentam enormemente os custos das mercadorias da Shein e da Temu para os consumidores dos EUA.
Alguns políticos na Europa estão preocupados com o fato de que isso desviará ainda mais roupas e produtos baratos para os países europeus, onde atualmente não há taxas sobre pacotes abaixo de € 150 (US$ 170,59).
Preocupações com a concorrência
O Ministro das Finanças da França, Eric Lombard, disse que as autoridades estão preocupadas com a concorrência desleal contra as empresas nacionais e que muitos dos produtos não respeitam as normas de segurança.
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Mesmo antes das medidas comerciais de Trump, o volume de pequenos pacotes exportados para a França por plataformas digitais dobrou ano a ano para 800 milhões de euros em 2024, com cerca de 90% da China.
A União Europeia já propôs a abolição da isenção de impostos para pacotes abaixo de 150 euros e disse que reformará a união alfandegária para garantir que as plataformas de comércio cumpram as regulamentações do bloco. No entanto, essas mudanças não devem entrar em vigor até 2027 ou 2028.
A França tentará coordenar com outros países europeus as taxas de manuseio a serem aplicadas antes disso. Se outros grandes países importadores não seguirem Paris nessa questão, os importadores do mercado único da UE poderão contornar qualquer ação unilateral da França.
Montchalin disse que já discutiu a ideia com o governo holandês e que conversará com o novo governo alemão nas próximas semanas com o objetivo de implementar a medida provisória até 2026. A taxa seria de “alguns euros”, mas o valor exato seria coordenado com outros Estados-membros.
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“Nossa ambição é reunir todos os ministros da UE responsáveis pela alfândega para que, nas próximas semanas, possamos tomar medidas que não desestabilizem nossos mercados”, disse ela.
Falando ao lado de Montchalin, Lombard acrescentou que não há ligação direta entre a proposta e as tarifas de Trump, e disse que o desvio dos fluxos comerciais é limitado pela capacidade de frete aéreo.
“Nosso objetivo é proteger os franceses, aconteça o que acontecer - isso não depende das decisões americanas”, disse ele.
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