Bloomberg Línea — O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve decidiu manter nesta quarta-feira (1º) a taxa de juros dos Estados Unidos inalterada no patamar de 5,25% a 5,50%. A expectativa de uma manutenção, a segunda consecutiva, era consensual entre economistas de Wall Street.
No comunicado divulgado junto com a decisão, o Fomc sinalizou que o aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro pode pesar sobre o desempenho da economia e da inflação. “Condições financeiras e de crédito mais restritivas para famílias e empresas provavelmente pesarão sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação”, escreveu o Comitê, em comunicado.
Alguns integrantes da autoridade monetária também disseram que o recente aumento nos rendimentos dos Treasuries de longo prazo pode reduzir a necessidade de novas altas nas taxas.
Após a decisão, os índices acionários dos EUA, que avançavam, mantiveram os ganhos. Por volta das 15h05 (horário de Brasília), o S&P 500 subia 0,46%, enquanto o Nasdaq 100, com grande exposição ao setor de tecnologia, tinha alta de 0,70%. O dólar ampliou a queda e o Ibovespa (IBOV) acelerou os ganhos para 1,8%.
Na reunião anterior, em setembro, o banco central americano tinha decidido pela manutenção das taxas e sinalizado que as taxas deverão ficar mais altas por mais tempo, deixando “a porta aberta” para uma nova alta este ano.
Discurso de Powell
Os investidores aguardam agora o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em busca de pistas sobre se um novo aumento ainda pode estar a caminho.
Mais cedo nesta quarta, o Tesouro americano aumentou as emissões de títulos de longo prazo previstas para este trimestre ligeiramente menos do que a maioria dos principais players do mercado esperava. O movimento sinaliza que as autoridades podem estar preocupadas com o salto do custo da dívida nos últimos meses.
O Tesouro dos Estados Unidos disse que vai oferecer US$ 112 bilhões em títulos de longo prazo em leilões na próxima semana, incluindo Treasuries de 3, 10 e 30 anos. Diversos grandes dealers previam US$ 114 bilhões, o que teria mantido o ritmo de aumento de emissões do plano trimestral anterior.
A principal diferença desta vez foi um ritmo mais lento no aumento das colocações de 10 e 30 anos, com a venda de títulos de 20 anos inalterada.
Os investidores estão acompanhando de perto como o aumento dos juros vão impactar a economia real. Até agora, o nível mais alto da taxa em 22 anos afetou apenas os rendimentos dos Treasuries - que estão sendo negociados nos níveis mais altos desde a crise financeira - enquanto os preços das ações e do petróleo permaneceram amplamente resistentes.
Alguns funcionários do Fed argumentam que o ciclo de aperto monetário ainda não terminou, dada a recente força dos dados econômicos – os níveis de contratação continuam robustos, os gastos dos consumidores ainda estão sustentando o crescimento e a inflação está bem acima da meta.
-- Com informações da Bloomberg News
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