EUA têm nota de crédito AAA rebaixada pela Fitch, que cita risco fiscal

Agência de classificação de risco disse que mudança reflete expectativa de deterioração fiscal. Secretária do Tesouro, Janet Yellen, chamou rebaixamento de ‘arbitrário’

Embora a última crise sobre o aumento do teto da dívida tenha sido resolvida, segue como potencial preocupação do mercado (Foto: Samuel Corum/Bloomberg)
Por Benjamin Purvis
01 de Agosto, 2023 | 07:01 PM

Bloomberg — Os Estados Unidos tiveram sua classificação de crédito reduzida em um “degrau” pela Fitch Ratings, da nota mais elevada ‘AAA’ para ‘AA+’. O movimento anunciado neste fim de tarde de terça-feira (1º de agosto) acontece mais de uma década depois que a S&P tomou a mesma decisão em 2011.

O país mantinha a classificação mais elevada na Fitch desde pelo menos 1994, segundo dados compilados pela Bloomberg. A perspectiva para a nota é “estável”.

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Depois da decisão, futuros do Tesouro americano subiram, enquanto do S&P 500 caíram, bem como o dólar.

A medida ocorre após grandes discussões políticas sobre o endividamento do país e repetidos impasses sobre o aumento do limite da dívida, algo que somente foi aprovado pelo Congresso em junho.

Embora a crise legislativa mais recente tenha sido resolvida, ela continua sendo uma questão potencial de preocupação daqui para frente, apontou a agência.

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O rebaixamento do rating dos Estados Unidos reflete a expectativa de deterioração fiscal nos próximos três anos, um fardo alto e crescente da dívida do governo geral e a erosão da governança em relação aos pares classificados como ‘AA’ e ‘AAA’ nas últimas duas décadas, que tem se manifestado em repetidos impasses de limite de dívida e resoluções de última hora”, disse a Fitch em comunicado.

“Eu suspeito que o mercado terá opiniões divergentes sobre isso - à primeira vista, é uma mancha na reputação e na posição dos EUA, mas, ao mesmo tempo, se isso alimentar o nervosismo do mercado e uma movimentação para ativos seguros, poderíamos facilmente ver a compra de títulos do Tesouro dos EUA e do dólar como refúgio,” disse David Croy, estrategista do Australia & New Zealand Banking Group em Wellington. “É uma situação delicadamente equilibrada.”

A Fitch havia alertado em 24 de maio que havia risco de rebaixamento. A S&P Global Ratings removeu sua pontuação máxima em 2011 logo após uma crise anterior sobre o teto de dívida. A Moody’s atualmente classifica os títulos dos EUA como Aaa, sua nota máxima.

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A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, respondeu ao rebaixamento, que classificou como “arbitrário” e “desatualizado”.

Reação nos mercados

Os futuros do Tesouro americano subiram no início das negociações na Ásia após o anúncio. O mercado à vista estava fechado quando saiu a decisão da Fitch.

O rendimento da dívida dos EUA de 30 anos subiu para o nível mais alto em quase nove meses nesta terça-feira, com o Departamento do Tesouro se preparando para aumentar a emissão de títulos com prazos mais longos para financiar um déficit orçamentário crescente.

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Na segunda-feira (31 de julho), o Tesouro aumentou sua estimativa líquida de empréstimos para o trimestre de julho a setembro para US$ 1 trilhão, mais do que alguns analistas esperavam e bem acima dos US$ 733 bilhões previstos no início de maio. O Tesouro divulgará uma prévia de seus planos de financiamento trimestrais nesta quarta-feira (2) às 8h30 em Washington.

“Dado todo o jogo político sobre o teto da dívida que vimos em junho, não posso dizer que estou surpreso que a Fitch tenha rebaixado sua classificação”, disse Jay Zhao-Murray, analista de câmbio da Monex Canada. “Todo mundo sabe que a maneira como os políticos dos EUA lidaram com o teto da dívida foi muito ruim, e esse rebaixamento parece refletir principalmente o que já sabemos.”

Os democratas no Congresso aproveitaram o rebaixamento para culpar os republicanos por atrasar o aumento do teto da dívida dos EUA no início deste ano.

“Este é o resultado da crise de inadimplência fabricada pelos republicanos. Eles repetidamente colocaram em risco toda a fé e o crédito de nossa nação e, agora, são responsáveis pelo segundo rebaixamento em nossa classificação de crédito”, disseram congressistas democratas em um comunicado.

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