Bloomberg — “Começou”, escreveu Elon Musk na noite de segunda-feira (20), logo após a posse de Donald Trump como o 47º presidente dos Estados Unidos.
A publicação do bilionário em sua rede social X se referia especificamente a uma ordem executiva de Trump que encerra os mandatos federais de diversidade, equidade e inclusão - um “problema de longa data da pessoa mais rica do mundo, que comanda seis empresas e há anos se insurge contra os esforços de DEI (Diversity, Equity, and Inclusion).
Mas também serviu como um lembrete do relacionamento cada vez mais simbiótico de Musk com o presidente para quem ainda estivesse em dúvida.
Embora o vínculo entre Musk e Trump - duas pessoas conhecidas por suas lealdades pessoais e profissionais em constante mudança - possa não durar para sempre, a demonstração de poder do homem mais rico do mundo foi exibida em sua plenitude na capital do país.
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Entre as ações de Trump no primeiro dia esteve a criação de um escritório especial para Musk dentro do complexo da Casa Branca, no Eisenhower Executive Office Building.
Na segunda-feira, Trump disse que Musk e sua equipe terão um espaço de escritório para cerca de 20 pessoas no que foi chamado de Departamento de Eficiência Governamental, ou DOGE, em referência à criptomoeda favorita do empresário fundador e dono da Tesla.
Musk agora tem um endereço de e-mail da Casa Branca, e pelo menos quatro pessoas em cada agência federal ajudarão a implementar o esforço de redução de custos. O administrador do DOGE se reportará ao Chefe de Gabinete da Casa Branca, de acordo com a ordem.
Também não há dúvidas sobre quem está no comando.
Vivek Ramaswamy, que Trump havia nomeado para co-liderar o esforço com Musk, saiu para se concentrar em sua própria carreira política em Ohio.
Com a mesma rapidez, grupos lançaram contestações judiciais contra o DOGE.
Um sindicato que representa centenas de milhares de funcionários federais processou o governo Trump na segunda e alegou que o DOGE viola uma lei dos EUA de 1972 que exige verificações de conflitos de interesse, equilíbrio ideológico e transparência para grupos com uma linha direta com a Casa Branca.
Orador na posse
Musk, 53 anos, foi o único orador convidado do presidente durante um comício festivo na noite de domingo (19). “Estamos ansiosos para fazer muitas mudanças”, disse Musk durante um evento em que o vice-presidente JD Vance não fez comentários.
No dia seguinte, quando Trump prestou juramento no Capitólio dos Estados Unidos, Musk, sorridente, estava sentado em um lugar privilegiado, à frente dos novos membros do gabinete do presidente. Ao lado de bilionários como Jeff Bezos, da Amazon, e Mark Zuckerberg, da Meta, os magnatas da tecnologia apareceram em inúmeras imagens ao vivo da transferência de poder.
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Durante o discurso de posse de Trump, Musk sorriu quando o presidente prometeu ir a Marte - o objetivo que anima a vida de Musk há décadas.
O bilionário foi visto pela CNN entrando no prédio de escritórios adjacente à Casa Branca enquanto Trump participava dos eventos da posse. Ele foi comparado a Rosa Parks pelo líder da maioria na Câmara, Steve Scalise, em um almoço de posse no Capitólio.
Diante de uma multidão de apoiadores de Trump na Capital One Arena, em Washington, na tarde de segunda-feira, Musk subiu ao palco em um acesso de exuberância.
“É assim que se sente a vitória!”, disse Musk, batendo com os punhos no púlpito enquanto a multidão rugia.
O CEO da SpaceX então falou, como sempre faz, sobre Marte. “Vocês podem imaginar como será incrível ter astronautas americanos fincando a bandeira em outro planeta pela primeira vez?”
O primeiro dia de Musk na Washington de Trump não foi isento de controvérsias.
Saudação polêmica
Durante seu discurso na Capitol One Arena, Musk colocou duas vezes a mão sobre o coração e, em seguida, levantou-a com força na diagonal sobre a cabeça em um gesto que, segundo muitos observadores, se assemelhava a uma saudação nazista.
“Meu coração está com vocês”, disse ele, levando a mão de volta ao coração.
"Historiadora do fascismo aqui", escreveu Ruth Ben-Ghiat, professora de história e estudos italianos na Universidade de Nova York, no BlueSky, em resposta ao gesto de Musk. "Foi uma saudação nazista e muito beligerante também."
A ADL, ou Liga Antidifamação, um grupo fundado para combater o antissemitismo, rejeitou a ligação sugerida com o nazismo: “Parece que @elonmusk fez um gesto estranho em um momento de entusiasmo, não uma saudação nazista, mas, mais uma vez, entendemos que as pessoas estão nervosas”, escreveu o grupo no X.
Musk citou a postagem no X e escreveu "Obrigado, pessoal", ao lado do emoji chorando de rir.
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Musk não respondeu aos pedidos da Bloomberg News de mais comentários.
Críticos também alertaram sobre os muitos conflitos de interesse em potencial de Musk como chefe de seis empresas, entre as quais Tesla, SpaceX e X, que fazem negócios em áreas regulamentadas pelo governo dos EUA.
“Vocês estão assistindo ao desmoronamento de nossa democracia. Isso não está prestes a acontecer. Está acontecendo agora mesmo”, disse o senador democrata Chris Murphy, de Connecticut, na MSNBC, na segunda-feira.
O que Trump não mencionou em seu discurso de posse foi qualquer plano para retornar à Lua, que tem sido o foco do programa Artemis da NASA. Em vez disso, Trump prometeu "plantar as estrelas e listras no planeta Marte".
“Elon Musk incluiu nesse discurso o compromisso de ir a Marte, certo?” disse Murphy.
"Há uma disputa dentro da comunidade científica, dentro da NASA, sobre se deveríamos ir a Marte ou à Lua. Isso torna Elon Musk um homem ainda mais rico se a escolha for ir a Marte. Ele entendeu isso", disse Murphy.
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