Bloomberg — Todos no setor siderúrgico da China sabem que este ano terão de reduzir novamente a produção. Resta saber quando.
Depois de a produção de aço do país ter atingido um recorde de mais de 1 bilhão de toneladas em 2020, o governo impôs cortes nos anos seguintes para conter as emissões do setor altamente poluente e equilibrar melhor a oferta e a demanda.
Mas a produção nos primeiros sete meses do ano foi quase 3% superior à do mesmo período em 2022, após um salto em julho. Quanto mais as usinas adiarem o ajuste, mais profundos serão os cortes necessários para adequar a oferta anual aos limites determinados por Pequim.
Por enquanto, o minério de ferro se beneficia. A matéria-prima siderúrgica é negociada acima de US$ 110 a tonelada em Singapura há quase duas semanas. Nesta segunda-feira (4), a cotação subiu até 1,9%, para US$ 116,10 – o preço mais alto desde de 20 de abril.
A China produz mais da metade do aço mundial e é de longe a maior importadora de minério de ferro. Há anos o país produz mais aço do que consome.
A Baoshan, maior siderúrgica da China, afirmou na semana passada que este ano Pequim visará produção estável ou ligeiramente inferior à do ano passado. O setor não deveria estar “perseguindo cegamente uma produção mais alta”, disse na quinta-feira (31) Wu Xiaodi, membro do conselho da empresa.
Com custos relativamente altos e demanda fraca do setor imobiliário, as margens de lucros das usinas este ano são as piores em mais de uma década.
Isso dá mais um motivo para as siderúrgicas ignorarem a necessidade de adequar a produção e tentarem aproveitar uma esperada melhora sazonal da demanda. Passado o calor e as férias de verão no hemisfério norte, em julho e agosto, a atividade de construção na China costuma aumentar nos meses de setembro e outubro.
A Associação de Ferro e Aço da China relembrou aos membros, em uma mensagem no WeChat, que a política siderúrgica da China é “realista, sensata, justificável e responsável, e deve ser respeitada e implementada”.
As restrições poderão começar em setembro ou outubro, de acordo com o UBS, citando discussões durante uma recente viagem ao centro siderúrgico de Tangshan.
As margens estão razoáveis no momento e, embora as usinas tenham recebido avisos não oficiais de redução, elas estão “mantendo a produção até que mais detalhes sejam divulgados”, disse o banco.
-- Com a colaboração de Winnie Zhu.
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