Bloomberg — Dan Rotta, empresário brasileiro-americano tornou-se o segundo ex-cliente do Credit Suisse a se declarar culpado na última semana de esconder milhões de dólares em ativos das autoridades fiscais dos Estados Unidos.
Vestindo um macacão bege, o empresário fez sua declaração na segunda-feira (17) no tribunal federal de Miami. Como parte de sua confissão, o senhor de 78 anos disse que os banqueiros do Credit Suisse sabiam que ele era cidadão americano, mas o ajudaram a ocultar ativos do Internal Revenue Service (IRS), órgão americano equivalente à Receita Federal.
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O UBS Group agora é proprietário do Credit Suisse, que se declarou culpado em 2014 por ajudar milhares de americanos a sonegar impostos e pagou uma multa de US$ 2,6 bilhões.
Os promotores passaram anos investigando se o Credit Suisse violou o acordo judicial ao não identificar contas não declaradas ao IRS.
"Rotta tinha contas em bancos suíços que datam de 1985", disse o promotor Sean Beaty na audiência. "Os bancos sabiam que ele era cidadão americano, mas permitiram que ele escondesse dinheiro do governo americano e dissesse que era brasileiro e morava no Brasil."
O UBS se recusou a comentar o caso na segunda-feira, antes de Rotta se declarar culpado.
Em 10 de março, em outro caso, Gilda Rosenberg admitiu que ela e seus familiares ocultaram US$ 90 milhões da Receita Federal americana por meio de contas não declaradas na Suíça, Israel, Andorra e Panamá.
Rotta se declarou culpado de uma acusação de conspiração para fraudar os Estados Unidos e pode pegar cinco anos de prisão. Sua sentença será proferida em junho.
Um advogado de Rotta não retornou imediatamente uma mensagem pedindo comentários após a audiência.
As alegações de Rotta e Rosenberg vieram depois que o governo do ex-presidente Joe Biden tentou chegar a um acordo com o UBS sobre se o Credit Suisse violou seu acordo judicial. As negociações foram interrompidas antes da posse do presidente Donald Trump.
Rotta foi acusado pela primeira vez em março de 2024 de esconder mais de US$ 20 milhões do IRS e de usar duas dúzias de contas na Suíça em um esquema elaborado que durou 35 anos.
Rotta tinha contas em vários bancos suíços, incluindo o Credit Suisse e o UBS.
Os documentos judiciais dizem que, por sugestão dos dois bancos, Rotta contratou Beda Singenberger, um consultor financeiro suíço que foi acusado de ocultar US$ 184 milhões em ativos do IRS para 60 clientes.
Rotta também usou vários advogados que o ajudaram a movimentar dinheiro e preparar declarações falsas, disse Beaty.
Rotta foi inicialmente acusado de conspiração, sonegação fiscal, apresentação de declaração falsa de imposto de renda, declaração falsa e não apresentação de relatórios de contas bancárias e financeiras no exterior, ou FBARs.
Como parte de seu acordo de confissão, o governo retirou cerca de 20 acusações adicionais contra ele.
Rotta, cidadão dos Estados Unidos, do Brasil e da Romênia, baseou-se em décadas de fraude, disseram os promotores após a acusação.
Eles disseram que ele mentiu para as autoridades, transferiu dinheiro entre ele e um primo no Brasil e usou seu passaporte brasileiro para evitar revelar sua cidadania americana aos bancos suíços.
O caso está registrado como US v. Rotta, 24-cr-20113, no Tribunal Distrital dos EUA, Distrito Sul da Flórida (Miami).
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