Em viagem à Amazônia, Biden reforça compromisso com o clima e anuncia financiamento

Vista a Manaus é a primeira de um presidente americano em exercício à Amazônia; entre as ações, líder dos EUA anunciou US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia

Amazônia
Por Justin Sink - Travis Waldron - Jennifer A. Dlouhy
17 de Novembro, 2024 | 04:06 PM

Bloomberg — Joe Biden anunciou novos esforços de conservação e financiamento ao se tornar o primeiro presidente dos Estados Unidos em exercício a visitar a Amazônia neste domingo (17).

Espera-se que o presidente dos EUA visite uma reserva natural da floresta tropical e se reúna com líderes locais envolvidos em esforços de conservação.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu as ações contra a mudança climática e a proteção da maior floresta tropical do mundo, não se juntará a Biden, pois ele se concentra nos preparativos para a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, que começa na segunda-feira.

A viagem de Biden tem como objetivo “ressaltar seu compromisso pessoal e o compromisso contínuo dos Estados Unidos em todos os níveis de governo e em todo o nosso setor privado e sociedade civil para combater as mudanças climáticas no país e no exterior”, disse o assessor de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, a repórteres na semana passada.

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Biden está divulgando a entrega de mais de US$ 11 bilhões em financiamento climático, cumprindo sua promessa de atingir pelo menos esse nível anualmente até 2024, acima dos US$ 1,5 bilhão no ano fiscal de 2021.

Isso inclui US$ 3 bilhões para ajudar os países pobres a se adaptarem à elevação do mar, tempestades mais intensas e outras consequências da mudança climática -- financiamento de adaptação que, em geral, ficou abaixo dos montante destinado para projetos de energia verde em países em desenvolvimento.

O presidente também revelará outros esforços de conservação e apoio durante sua visita à floresta tropical, incluindo US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia - dobrando as contribuições dos EUA para a iniciativa - e um empréstimo de US$ 37,5 milhões da Development Finance Corp. para apoiar o plantio de árvores nativas em pastagens degradadas no Brasil.

A visita é o ápice de um esforço de Biden para ajudar a impulsionar o financiamento internacional para os esforços de proteção da floresta tropical. Em 2023, ele se comprometeu a trabalhar com o Congresso dos EUA para fornecer US$ 500 milhões até 2028 para o Fundo Amazônia, uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que subscreve projetos de proteção como o manejo de florestas indígenas e fazendas de pequena escala.

O presidente dos EUA fez essa promessa depois de se reunir com Lula na Casa Branca, quando o líder brasileiro prometeu reiniciar os esforços de conservação que haviam definhado sob seu antecessor, Jair Bolsonaro. Biden disse que esperava conseguir um total de US$ 20 bilhões em compromissos públicos e privados para ajudar a floresta tropical.

Mas o financiamento federal futuro provavelmente enfrentará a resistência do presidente eleito Donald Trump, que expressou ceticismo sobre o impacto das mudanças climáticas, bem como sobre o benefício da ajuda externa, e disse que está planejando cortes severos no orçamento federal.

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A decisão de Lula de não acompanhar Biden na histórica visita à Amazônia ressalta a forma como a vitória eleitoral de Trump alterou os assuntos globais em geral.

Biden também planeja destacar novos investimentos domésticos destinados a ajudar o meio ambiente como parte de sua viagem.

Na quinta-feira, o Departamento de Energia anunciou US$ 18 milhões para financiar subsídios a governos locais para projetos de eficiência energética, incluindo programas de reciclagem, programas de descontos em eficiência energética e a compra de iluminação pública e veículos mais ecológicos para frotas municipais.

O Departamento de Agricultura dos EUA também anunciou US$ 256 milhões em financiamento para fazendeiros e proprietários de empresas rurais para expandir o uso de energia eólica, solar e hidrelétrica.

Enquanto isso, o Departamento de Transportes está fornecendo US$ 1,2 bilhão aos estados para financiar o uso de materiais de construção com baixo teor de carbono em projetos de infraestrutura.

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