Bloomberg — Os trabalhadores em Paris estariam dispostos a deixar seus empregos ou exigir um aumento salarial caso precisassem retornar integralmente aos escritórios. De acordo com uma pesquisa da Bloomberg Intelligence, apenas 28% da força de trabalho da capital francesa optaria por permanecer em seus empregos com os níveis salariais atuais se fosse exigido que trabalhassem no escritório cinco dias por semana, indicando que os empregadores têm pouca influência nessa questão.
A pesquisa, realizada em 15 e 16 de novembro com 250 funcionários de empresas com escritórios em Paris, constatou que 34% prefeririam encontrar um novo emprego a permanecer no atual se perdessem o direito de trabalhar em casa. Cerca de um quarto afirmou que só permaneceria se recebesse um aumento salarial de até 20%.
Os resultados mostram que os empregadores parisienses podem ter que continuar oferecendo políticas de trabalho remoto para reter funcionários ou pagá-los mais como compensação pela perda dessa flexibilidade.
Aproximadamente 12% dos entrevistados valorizam tanto a flexibilidade que estariam dispostos a trocar de emprego e aceitar uma redução salarial de até um quinto para manter o direito de trabalhar em casa.
Os formatos de trabalho flexíveis se tornaram mais populares durante a pandemia, quando lockdowns nacionais obrigaram os funcionários a trabalhar em casa.
As políticas permaneceram após a pandemia e se tornaram uma maneira das empresas atrair e reter talentos. A pesquisa mostra o quanto os funcionários valorizam as políticas de trabalho flexíveis e sugere que elas provavelmente vieram para ficar.
“O trabalho remoto está amplamente disponível, com 80% dos entrevistados permitidos a trabalhar remotamente de alguma forma”, disse a analista da Bloomberg Intelligence, Sirine Bouzid. “Esperamos que a flexibilidade seja uma característica permanente. Apenas 7% de nossa amostra pensam que o trabalho híbrido deixará de ser oferecido até o final do ano.”
Existem algumas maneiras pelas quais os empregadores parisienses podem atrair os funcionários de volta ao escritório sem aumentar seus salários. A transferência de conhecimento e networking foi mencionada por 36% e 34%, respectivamente, como fatores que os incentivariam a ir ao escritório, sugerindo que ambientes de trabalho melhores que incentivam a colaboração podem ser chave. Os funcionários também mencionaram instalações de bem-estar, reciclagem de resíduos, baixas emissões de carbono e energia verde como características que poderiam atraí-los de volta.
Alguns fatores estão fora do controle dos empregadores. Cerca de 46% dos trabalhadores pesquisados mencionaram o deslocamento como o maior obstáculo para o retorno ao escritório, com muitos apontando atrasos, greves e tempo de viagem como fatores que desencorajam seu retorno.
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