Em novo movimento, China busca estimular empréstimos e reduzir o risco das dívidas

Banco central e reguladores financeiros pediram a instituições financeiras para que aumentem os financiamentos para apoiar a expansão econômica no país

Banco Central da China (PBOC): pedido de mais empréstimos
Por Li Liu
20 de Agosto, 2023 | 01:10 PM

Bloomberg News — O Banco Central da China e reguladores financeiros se reuniram com executivos de bancos e pediram novamente às instituições financeiras que aumentem os empréstimos para apoiar a recuperação do país, elevando os sinais de maior preocupação sobre a deterioração das perspectivas econômicas.

As autoridades também pediram ajustes e otimização das políticas para hipotecas residenciais na reunião de sexta-feira (18), de acordo com um comunicado do Banco Popular da China divulgado neste domingo (20), sem dar detalhes sobre as iniciativas na área.

Executivos da China Life Insurance e bolsas de valores estiveram na mesma reunião, onde as autoridades também discutiram medidas com o setor financeiro para prevenir e reduzir os riscos da dívida do governo local.

A China estimulou repetidamente seus bancos a aumentar os empréstimos para apoiar a economia. Em julho, as instituições chinesas concederam o menor valor de empréstimos mensais desde 2009, mais um sinal de demanda fraca na economia que aumenta o risco de pressão de deflação prolongada.

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Os principais líderes prometeram na semana passada expandir o consumo doméstico e apoiar o setor privado sem detalhar novas medidas de estímulo, a mais recente de uma série de tentativas retóricas de aumentar a confiança à medida que os mercados afundam.

Mas até agora as autoridades têm resistido a lançar grandes esforços de estímulo, apesar de uma inclinação pró-crescimento sinalizada pelo comitê central do Partido Comunista no final de julho.

Na semana passada, o Banco Popular da China, autoridade monetária do país, reduziu uma das principais taxas de juros ao menor desde 2020, um movimento surpreendente que ocorreu pouco antes da divulgação de dados decepcionantes para julho, mostrando crescimento nos gastos do consumidor, produção industrial e investimento caindo em geral e aumento do desemprego.

As principais instituições financeiras, especialmente os grandes bancos estatais, devem aumentar os desembolsos de empréstimos e evitar grandes flutuações nos empréstimos, de acordo com o comunicado do banco no domingo.

Reguladores e instituições financeiras devem se coordenar na redução dos riscos associados à dívida do governo local e fortalecer esse monitoramento, disse o banco central.

A China está levando a sério a liquidação da dívida extrapatrimonial dos governos locais. A dívida oculta vem principalmente de veículos de financiamento de governos locais, empresas que tomaram empréstimos em nome de províncias e municípios e que realizam gastos de infraestrutura em projetos como estradas e ferrovias.

Não há números oficiais sobre o tamanho da dívida dos veículos de financiamento do governo local da China (LGFV, na sigla em inglês), embora o Fundo Monetário Internacional (FMI) estime que pode chegar a US$ 9 trilhões.

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O setor financeiro deve ampliar seu leque de ferramentas para prevenir e reduzir os riscos de dívida dos LGFVs e acelerar a “eliminação de riscos” em certas regiões, disse o banco central, sem nomear as áreas.

As autoridades sinalizaram preocupação com o mercado imobiliário, onde outro grande incorporador imobiliário agora enfrenta uma crise de dívida e as vendas de casas continuam caindo. Os riscos também estão se espalhando para o setor financeiro, onde uma afiliada de um grande conglomerado financeiro, que tinha exposição ao setor imobiliário, deixou de pagar alguns produtos de investimento.

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