Bloomberg — Líderes empresariais, famílias ricas e organizações filantrópicas de Chicago arrecadaram US$ 100 milhões para ajudar a combater o crime, um anúncio feito dias depois de um violento feriado prolongado do Dia da Independência.
Doadores como McDonald’s, Allstate Foundation, Ulta Beauty e a família Crown atingiram a meta de fornecer metade dos US$ 200 milhões necessários para uma iniciativa de redução da violência armada.
O grupo, liderado pelo Civic Committee of the Commercial Club of Chicago, disse que planeja arrecadar milhões de dólares a mais para financiar outros pilares do plano de segurança pública do grupo, que inclui investimentos nas comunidades e a geração de empregos.
A notícia chega depois que 19 pessoas morreram e mais de 100 foram baleadas em Chicago durante o feriado de 4 de julho, o que levou o governador de Illinois, J.B. Pritzker, a pedir ajuda à Casa Branca. Os recursos ajudarão uma iniciativa apoiada por governos e organizações comunitárias que busca reduzir a violência armada em 75% em uma década.
O dinheiro “é o primeiro passo”, disse Mark Hoplamazian, CEO da Hyatt Hotels, que é copresidente da força-tarefa de segurança pública do Civic Committee. “Também temos o compromisso de contratar e investir em comunidades afetadas pela violência armada e apoiar os esforços para modernizar e fortalecer o Departamento de Polícia de Chicago.”
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A cidade tem enfrentado altas taxas de criminalidade que têm indignado líderes empresariais e habitantes. A Citadel, de Ken Griffin, citaou a violência como uma das razões para se mudar para Miami. Em um evento recente, o CEO do McDonald’s, Chris Kempczinski, disse que o prefeito Brandon Johnson não havia feito o suficiente para combater o crime, segundo noticiou o Crain’s Chicago Business.
Durante o feriado de 4 de julho, 109 pessoas foram baleadas em 74 incidentes diferentes na cidade, de acordo com dados preliminares do Departamento de Polícia de Chicago. Algumas das vítimas eram crianças.
“Temos que realmente parar e pensar sobre a mentalidade de alguém que atira em uma criança, uma criança indefesa, uma mãe desarmada e acha que está tudo bem, e continua seu dia”, disse o superintendente da Polícia de Chicago, Larry Snelling, em uma coletiva de imprensa em 8 de julho. “Essas pessoas têm que ser tiradas das ruas, têm que ser presas.”
Os meses de verão são responsáveis por mais de um terço dos tiroteios na cidade todos os anos, de acordo com o Laboratório Criminal da Universidade de Chicago. Este ano, a atenção tem sido redobrada, pois a cidade sedia a Convenção Nacional Democrata, que deve atrair dezenas de milhares de manifestantes.
A violência fez com que Pritzker, cujo relacionamento com o prefeito Johnson às vezes tem sido instável, escrevesse para a Casa Branca solicitando recursos federais em nome da cidade. A carta, datada de 4 de julho, citava um tiroteio em massa envolvendo “menores e crianças”.
"Chicago comunicou ao meu escritório que precisa de recursos federais adicionais para responder a essa tragédia", disse Pritzker na carta. Ele acrescentou que espera que o governo federal seja "capaz de apoiar a cidade de Chicago, fornecendo-lhe os recursos e o financiamento necessários para combater e responder adequadamente a incidentes de violência armada, tanto agora quanto no futuro".
Os recursos arrecadados pela comunidade empresarial também incluíram doações da Illinois Tool Works, da Steans Family Foundation, da GCM Grosvenor e da Pritzker Foundation. Eles se somam aos US$ 175 milhões da lei estadual Reimagine Public Safety, que faz parte do orçamento aprovado no início deste ano.
O dinheiro apoiará um plano denominado Scaling Community Violence Intervention for a Safer Chicago, ou SC2, que se concentrará em sete bairros, incluindo North Lawndale, Garfield Park, Humboldt Park e Austin, onde mora o prefeito Johnson.
Arne Duncan, ex-secretário de educação dos EUA e cofundador de uma organização sem fins lucrativos contra a violência armada conhecida como Chicago CRED, destacou a onda de violência do fim de semana. Ele acrescentou que todas as partes da sociedade precisam “melhorar”, e isso inclui a comunidade de intervenção contra a violência comunitária, a polícia, as empresas e a filantropia.
"O nível de violência com armas de fogo em nossa cidade é tão extremo que não podemos nos descuidar nem por um momento", disse ele. "Cada um de nós deve fazer parte da resposta".
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