Bloomberg — O líder da oposição conservadora da Alemanha, Friedrich Merz, deve sair vencedor das eleições federais deste domingo (23), ficando confortavelmente à frente do partido de extrema direita AfD e dos social-democratas do chanceler Olaf Scholz.
O bloco CDU/CSU de Merz obteve 29% dos votos, seguido por 19,5% para a Alternativa para a Alemanha (AfD), de acordo com estimativas da emissora pública ARD. Os social-democratas do chanceler Olaf Scholz ficaram em terceiro lugar, com 16%, o pior resultado do partido desde a Segunda Guerra Mundial.
A votação tem um peso especial, já que a maior economia da Europa enfrenta a estagnação da economia, a guerra da Rússia na Ucrânia e o presidente dos EUA, Donald Trump, que ameaça dar início a uma guerra comercial global que pode prejudicar o setor industrial da Alemanha, que está em dificuldades.
“O novo chanceler será Friedrich Merz”, disse o secretário-geral da CDU, Carsten Linnemann, em Berlim. “Queremos uma maioria estável, um governo estável.”
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A aliança de centro-direita CDU/CSU de Merz precisará de pelo menos um parceiro de coalizão para garantir a maioria na câmara baixa do Parlamento, ou Bundestag. Quanto maior o número de partidos, mais complicada se torna a formação de coalizões.
As opções de aliança mais prováveis para Merz são o SPD - quase certamente sem nenhum papel no gabinete para Scholz - ou os Verdes. Dependendo da composição final do parlamento, Merz pode precisar de ambos em uma coalizão pesada de três partidos.
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A Alternativa para a Alemanha, de extrema direita, parece destinada a se tornar a principal força de oposição no parlamento.
O AfD está pedindo que a Alemanha deixe a União Europeia e sua moeda única e quer expulsar centenas de milhares de pessoas em uma repressão aos migrantes sem documentos. Três de suas seções estaduais no antigo leste comunista são classificadas como extremistas e estão sob vigilância do serviço de inteligência interna da Alemanha.
Scholz encerrou sua impopular e indisciplinada coalizão de três partidos com os Verdes e os Democratas Livres em novembro, após meses de disputas sobre a dívida do governo.
Ele demitiu o Ministro das Finanças do FDP, Christian Lindner, um falcão do orçamento que insistia em manter o limite constitucional de empréstimos da Alemanha, provocando a antecipação da eleição em sete meses antes do previsto. Scholz continuará a governar com os Verdes como interino até a formação de um novo governo, o que pode levar semanas, se não meses.
A Alemanha precisa urgentemente de reformas profundas para restaurar a competitividade dos principais setores industriais. As perspectivas de um novo governo mais favorável às empresas e os cortes nas taxas de juros elevaram a confiança dos investidores ao máximo em dois anos.
Entretanto, a Alemanha continua particularmente exposta aos problemas econômicos da China e seu superávit comercial com os EUA atraiu a ira de Trump. Os laços transatlânticos foram abalados pela iniciativa do novo governo dos EUA de entrar em negociações diretas com a Rússia sobre um acordo de paz para a Ucrânia sem envolver os aliados da Otan.
O mercado de ações da Alemanha tem negociado perto de seus máximos históricos, impulsionado pelos lucros crescentes que as empresas alemãs geram no exterior. O índice de referência DAX também foi impulsionado pelas esperanças de que Merz se unirá ao partido SPD para buscar uma agenda mais favorável ao mercado.
Alguns investidores esperam que a Alemanha possa elevar ou reformar seu limite de empréstimos líquidos, o chamado freio da dívida, sob um novo governo. Merz sinalizou que pode estar disposto a discutir uma reforma, mas também observou que cortes profundos nas generosas despesas de bem-estar social da Alemanha teriam que ser implementados primeiro.
O freio da dívida está previsto na constituição da Alemanha, o que significa que é necessária uma maioria de dois terços no parlamento para uma mudança. Esse é um grande obstáculo, pois provavelmente precisaria do apoio dos partidos de oposição.
-- Com a colaboração de Christoph Rauwald, Chris Reiter, Carolynn Look, Petra Sorge, Naomi Kresge, Karin Matussek, Christina Kyriasoglou, Angela Cullen, Alexey Anishchuk, Iain Rogers, Jana Randow, Alexander Weber, Zoe Schneeweiss, Marilen Martin, Chad Thomas, Katerina Petroff e Alan Crawford.
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