Reino Unido: Partido Trabalhista vence e Keir Starmer será o novo primeiro-ministro

Partido conquista 412 dos 650 assentos da Câmara dos Comuns, o seu melhor resultado desde a vitória de Tony Blair em 1997, enquanto o Partido Conservador em seu pior revés na história

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Bloomberg — O Partido Trabalhista de Keir Starmer venceu as eleições gerais do Reino Unido realizada na quinta-feira (4) com uma grande maioria, um resultado que ficará registrado como um momento importante na história política britânica, dado que o Partido Conservador de Rishi Sunak “implodiu”.

A pesquisa oficial de boca-de-urna previu que o Partido Trabalhista conquistaria 412 dos 650 assentos da Câmara dos Comuns, o maior número desde a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997, ou seja, em quase três décadas. E esses números foram confirmados horas depois nesta sexta-feira (5).

O Partido Conservador de Sunak ficou com 120 assentos, em comparação com 365 em 2019, resultado que provavelmente deve tirar alguns dos maiores nomes do partido da Câmara.

O Partido Liberal Democrata ficaria 71 assentos, e o Reform UK de Nigel Farage, com 4.

Starmer será o substituto de Sunak como primeiro-ministro do Reino Unido já a partir desta sexta, completando uma reviravolta notável desde que seu antecessor, Jeremy Corbyn, levou o Partido Trabalhista ao seu pior desempenho em mais de oito décadas há apenas cinco anos.

Quando Starmer assumiu o cargo em 2020, presumia-se que o Partido Conservador liderado por Boris Johnson manteria o Partido Trabalhista fora do poder por pelo menos mais uma década.

Mas o governo de Johnson entrou em colapso em meio ao caos e aos escândalos, principalmente quando ele se tornou o primeiro premier em exercício a ser multado pela polícia por causa de uma festa que violou as regras de aglomeração durante a pandemia.

Sua sucessora, Liz Truss, durou 49 dias no poder – o mandato mais curto da história, mas longo o suficiente para provocar um colapso no mercado financeiro.

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Desde que assumiu o cargo em outubro de 2022, Sunak – que também havia sido multado no escândalo da festa apelidado de “Partygate” – não conseguiu abafar a sensação de que os britânicos estavam fartos.

Foi nesse cenário que Starmer se posicionou no centro político, eliminou o Corbynismo e apresentou o Partido Trabalhista como o partido da estabilidade econômica.

Rachel Reeves, ex-economista do Banco da Inglaterra, que deverá ser a primeira mulher a ocupar o cargo de Chanceler do Tesouro do Reino Unido, foi fundamental para incentivar empresas a apoiar o partido.

A Grã-Bretanha precisa de uma “década de renovação do país”, disse Starmer repetidamente durante a campanha eleitoral do Partido Trabalhista, em grande parte isenta de erros, mas morna.

O Partido Trabalhista chegou ao dia da eleição com uma vantagem de 20 pontos na pesquisa de opinião da Bloomberg no Reino Unido, uma média contínua de 14 dias que utiliza dados de 11 empresas de pesquisa.

A pesquisa de boca-de-urna é diferente e toma como base uma pesquisa com dezenas de milhares de pessoas na saída de seus colégios eleitorais.

Em geral, isso a torna uma pesquisa precisa, que projetou 368 assentos para o Partido Conservador em 2019, ante os 365 que o partido acabou conquistando. Os 650 assentos da Câmara dos Comuns serão declarados durante a madrugada desta sexta-feira (5).

Para Starmer e o Partido Trabalhista, o resultado deve encerrar 14 anos infelizes de marginalização política, já que o governo do Partido Conservador impôs anos de austeridade e levou o Reino Unido a sair da União Europeia - o Brexit -, desencadeando uma turbulência política. A pressão sobre Starmer para dar continuidade a futuras vitórias é imensa.

No entanto é improvável que haja a mesma euforia que cercou Blair em 1997. O Brexit ainda afeta a economia do Reino Unido, e os britânicos sofreram um aperto histórico nos padrões de vida após a pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

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Starmer disse que “não há varinha mágica” para uma solução rápida. Mas cinco anos após a derrocada de Corbyn, o Partido Trabalhista ainda está em uma posição que quase ninguém imaginava ser possível, mesmo influenciada por um Partido Conservador em dificuldades.

Para Sunak, a pesquisa de boca-de-urna reforçou a expectativa de uma derrota já prevista há meses. Ele disse que permanecerá como membro do Parlamento mesmo que seja destituído ou renuncie ao cargo de líder do Partido Conservador – embora algumas pesquisas projetem que ele não manterá seu assento. Enquanto isso, seu partido enfrenta uma recuperação turbulenta.

- Matéria atualizada às 5h50 de sexta-feira (5) com o resultado das eleições.

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